CPI da Covid: Wajngarten admite que Secom pagou influenciadores para divulgar medicamentos ineficazes
Wajngarten confirmou que Secom pagou influenciadores para divulgarem o chamado "tratamento precoce"
Gasto foi de R$ 23 mil, segundo Fabio Wajngarten
Ex-secretårio de Comunicação depÔe à CPI da Covid nesta quarta-feira (12)
Em depoimento na CPI da Covid no Senado, o ex-secretårio de Comunicação, Fabio Wajngarten, confirmou que pagou influenciadores para fazerem campanhas a favor do chamado "tratamento precoce".
O "tratamento precoce", amplamente defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seria o uso de medicamento sem comprovação cientĂfica para prevenir a covid-19. Atualmente, sabe-se que nĂŁo hĂĄ qualquer medicamento capaz de prevenir a infecção pelo coronavĂrus.
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Renan Calheiros citou a reportagem da AgĂȘncia PĂșblica, que divulgou que a Secretaria de Comunicação gastou R$ 23 mil reais com os influenciadores:
Flavia Viana - R$ 11.500
JoĂŁo Zoli - R$ 6 mil
Jéssika Taynara - R$ 3 mil
Pam Puertas - R$ 2.500
Wajngarten confirmou a informação. "Se nĂŁo me engano, o total dos caches dos influenciadores deu R$ 23 mil. E por que naquele momento a agĂȘncia sugeriu que usasse os influenciadores? Porque eles tĂȘm muitos seguidores e isso daria mais credibilidade", justificou.
Sobre a CPI da Covid no Senado
O que deve ser investigado pela CPI
AçÔes de enfrentamento à Pandemia, incluindo vacinas e outras medidas como a distribuição de meios para proteção individual, estratégia de comunicação oficial e o aplicativo TrateCOV;
AssistĂȘncia farmacĂȘutica, com a produção e distribuição de medicamentos sem comprovação
Estruturas de combate Ă crise;
Colapso no sistema de saĂșde no Amazonas;
AçÔes de prevenção e atenção da saĂșde indĂgena;
Emprego de recursos federais, que inclui critĂ©rios de repasses de recursos federais para estados e municĂpios, mas tambĂ©m açÔes econĂŽmicas como auxĂlio emergencial.
Quem Ă© o relator da CPI, Renan Calheiros
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai apurar eventuais omissÔes do governo federal no combate à pandemia terå como relator o senador Renan Calheiros (MDB-AL). O colegiado serå presidido por Omar Aziz (PSD-AM) e o vice-presidente serå o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
CrĂtico ao governo Jair Bolsonaro, Renan Calheiros serĂĄ responsĂĄvel por dar o rumo aos trabalhos e produzir o texto final, que pode ser encaminhado ao MinistĂ©rio PĂșblico e a outros ĂłrgĂŁos de controle.
Ă um dos nomes mais antigos no Senado brasileiro. Ele estĂĄ hĂĄ 26 anos na Casa e tem mandato atĂ© janeiro de 2027. Foi trĂȘs vezes presidente do Senado, alĂ©m de ministro da Justiça no governo FHC. Ă pai do governador de Alagoas, Renan Filho (MDB).
CrĂtico ao governo de Jair Bolsonaro, nesta semana, Renan Calheiros defendeu que o MDB apoie o ex-presidente Lula na eleição presidencial de 2022.
Como vai funcionar a CPI no Senado
O que diz a Constituição?
A Constituição estabelece que sĂŁo necessĂĄrios trĂȘs requisitos para que uma CPI possa funcionar: assinaturas de apoio de um terço dos parlamentares da Casa legislativa (no caso do Senado sĂŁo necessĂĄrios 27 apoios); um fato determinado a ser investigado; e um tempo limitado de funcionamento.
Quanto tempo pode durar uma CPI?
Depende do prazo que o autor do requerimento estipular. No caso da CPI da Covid, o prazo inicial Ă© de 90 dias, conforme requerimento do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) de 15 de janeiro.
Quais os poderes de uma CPI?
Poderes de investigação prĂłprios dos juĂzes, alĂ©m de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas. No Senado, os membros da CPI podem realizar diligĂȘncias, convocar ministros de Estado, tomar o depoimento de qualquer autoridade, inquirir testemunhas, sob compromisso, ouvir indiciados, requisitar de ĂłrgĂŁo pĂșblico informaçÔes ou documentos de qualquer natureza e ainda requerer ao Tribunal de Contas da UniĂŁo a realização de inspeçÔes.