Cremesp afasta médico após denúncias de abuso sexual durante consultas

O nutrólogo Abib Maldaun Neto, condenado em segunda instância por violação sexual mediante fraude pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), foi afastado cauterlarmente pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina), após acusações de abusos cometidos durante consultas.

Em uma semana, dobrou o número de denúncias de pacientes ao órgão regulador relatando casos de violência sexual, segundo reportagem do canal pago GloboNews.

O Cremesp informou que o registro do nutrólogo ficará suspenso durante seis meses enquanto as denúncias são investigadas.

Pelo menos cinco pacientes relatam terem sido vítimas de abuso pelo profissional. De acordo com as vítimas, o crime ocorreu durante a realização de exames físicos. Elas dizem que procuraram atendimento pois ele era um médico renomado e que atendia celebridades.

Os casos começaram em 2012. As pacientes tinham entre 17 e 31 anos na época dos abusos e estavam sozinhas durante as consultas. “Ele falou: ‘Eu vou verificar como está, como estão as coisas’. E enfiou dois dedos na minha vagina e começou a estimular...meu clitóris. E dai eu já estava me sentindo muito mal... Eu virei pro lado, comecei a chorar sem que ele percebesse. Só desejava que aquilo acabasse o mais rápido possível", disse uma paciente, sob condição de anonimato.

Dois crimes, ocorridos em 2012 e 2013, já prescreveram. Duas vítimas não decidiram se vão acionar a Justiça devido ao constrangimento. Os casos foram denunciados ao Cremesp pedindo a cassação da licença dele como médico.

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Apesar da condenação, o nutrólogo cumpre pena em regime semiaberto por ser réu primário, já que uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) permite que o condenado recorra em liberdade até a última instância judicial.

Em nota, Abib Maldaun Neto negou ter cometido abuso sexual: “Mantenho a consciência tranquila, pois em décadas arduamente dedicadas à medicina jamais pratiquei qualquer ato imoral ou ilegal contra qualquer paciente ou cidadão. Sempre atuei de forma ética, integra e profissional zelando pela dignidade da honrosa profissão a qual dedico a minha vida, por esta razão sempre colaborei com o processo, comparecendo em todos os atos e me colocando à disposição da Justiça a fim de que a verdade real dos fatos seja devidamente comprovada”.

O advogado Fernando Castelo Branco, defensor das vítimas, disse que, apesar da demora das denúncias e com a ausência de exame de corpo de delito para comprovar a violação sexual mediante fraude, há provas circunstanciais e testemunhais.

“O que nós trabalhamos foi com as questões circunstanciais. Provas testemunhais que demonstravam que todo o relato dele, que estava acompanhado por uma enfermeira, que a paciente não tinha ido no dia da consulta, conseguimos demolir no processo legal, no criminal e no CRM.”