Despedida? Bailarino Thiago Soares traz ao Rio turnê que une dança, teatro e interação com o público

Dedicado a outros projetos e longe dos palcos desde o início da pandemia, o bailarino Thiago Soares está prestes a retornar à cena com a turnê internacional “O último ato”, que estreará em Lisboa, em abril, e chegará ao Teatro Multiplan, no VillageMall, na Barra, em 25 de maio, ficando em cartaz até o dia 28. Aos 41 anos, ele conta que iniciou o projeto com a ideia de que fosse a última turnê de sua carreira. Agora, no entanto, a despedida dos palcos não é mais uma certeza, revela.

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— Na vida real, a probabilidade de eu fazer outra turnê internacional é bem pequena, porque isso exige que eu pare minha vida, e hoje sou coreógrafo, além de ser o atual diretor do Ballet de Monterrey, no México. Mas não dá para saber se, de fato, é o último ato. Esse é o grande barato do espetáculo. No meio do processo, entendi que, em vez de uma despedida, pode estar sendo um recomeço, um documento dos próximos atos — explica. — A obra é uma ironia prazerosa ao último ato de um artista e todos aspectos envolvidos nisso, como o que ele pensa neste momento e o que o motiva.

Thiago define essa nova fase como um renascimento, marcado por um espetáculo que traz uma “linguagem própria”, reunindo diferentes gêneros da dança, em um formato novo para ele, que vai além do balé clássico que o consagrou mundialmente:

— É um espetáculo que me coloca em outro lugar. Eu sempre fiz um teatro mudo, de dança, envolvendo movimentos e mímicas, dentro do conceito da obra clássica. Nesse espetáculo, eu quebro essa barreira e estabeleço uma interação direta com o público, em que a voz é utilizada. É uma obra de teatro dançado. Apresento ainda um elenco novo: tenho dançarinos de samba, hip-hop e danças folclóricas. É uma miscigenação de estilos e formas de danças, com uma cenografia muito mais colorida. Assim, criamos uma linguagem para esse projeto. E isso é muito enriquecedor. Estou muito empolgado e feliz.

O espetáculo conta com cinco artistas em cena. Entre eles, a coreógrafa e bailarina Tairine Barbosa, que será par de Thiago em diversas cenas.

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— É uma artista de Ramos, do universo popular do samba, com uma bagagem completamente diferente da minha e que eu conheci num carnaval. Está sendo muito bonito poder ter essa troca — diz Soares.

A volta de Thiago aos palcos, revela ele, foi impulsionada por essa possibilidade de mostrar uma perspectiva da sua vida que o público não conhece.

— E o público também será atuante nesse espetáculo; terá uma coreografia própria e decidirá o final. Tirar a plateia do lugar-comum de observação também não deixa de ser um desafio — adianta. — O enredo passa um pouco pela minha biografia, destacando os bastidores da minha carreira, minhas prioridades, minhas inspirações, meus medos, e volta ao universo de onde venho, o das danças urbanas. É uma trajetória bem bacana, que me levou ao balé clássico, em que me encontrei.

Uma das reflexões a que o espetáculo leva é sobre o peso da passagem do tempo, observa.

— Sou um bailarino que já passou dos 40. E, no balé tradicional, quando você chega aos 38 já é considerado super-sênior, tem que pensar em parar. O espetáculo desconstrói isso. Trata do recomeço do artista maduro, reservando um lugar incrível para ele. Eu tinha o desejo de ter esse personagem de cabelos brancos. É uma mensagem muito forte sobre identidade — destaca Soares.

Se o artista vai deixar os palcos ou não, isso ainda está no ar. Mas de uma coisa ele tem certeza:

— Acredito que nunca vou parar de dançar, porque é uma arte tão generosa para mim... Entreguei minha vida à dança e tudo que conquistei foi através dela, que me conduziu para uma vida muito bacana. Devo muito à dança.

Os ingressos, a partir de R$ 200, já estão à venda na plataforma Sympla. O espetáculo terá duração de uma hora e 25 minutos.