Diplomacia personalista de Bolsonaro derruba imagem do Brasil no mundo, dizem analistas
Dois recentes episódios - a exclusão do país em mais uma cúpula do G7 e a ideia de uma comitiva para visitar Putin - ilustram como o atual governo acumula descrédito internacional e se isola no mundo, de acordo com especialistas ouvidos pela RFI.
Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília
Vista mais como publicidade do que política diplomática séria, a aventada comitiva de presidentes para visitar Vladimir Putin em meio à guerra não tem até aqui elementos para ganhar corpo e fazer diferença nos esforços para o fim do conflito. Especialistas ouvidos pela RFI disseram que a ideia que Jair Bolsonaro sugeriu à chancelaria turca retrata o personalismo do presidente brasileiro, de olho nas eleições, e a falta de conhecimento das estratégias diplomáticas.
“Infringe uma das mais elementares regras do procedimento diplomático que é a discrição e o sigilo. Se ele quer mesmo desempenhar algum papel de mediador deveria fazer com discrição”, afirmou à RFI William Gonçalves, professor de relações internacionais da UFRJ. “E a partir do momento que ele se pronuncia dessa maneira, propondo a visita a um presidente, também está tomando partido e assim invalidando sua atuação. É no mínimo contraproducente.”
Fora do G7 de novo
O analista afirma que a exclusão do G20 ilustra os obstáculos que o país tem pela frente para recuperar respeito e credibilidade lá fora. “Nossa imagem no mundo hoje é péssima, nós abraçamos as piores causas, nosso presidente provoca antipatia por onde vai, em especial com relação às questões ambientais.”
Leia mais
Leia também:
Bolsonaro enfrenta dificuldades para mobilizar militância de extrema direita, diz Le Monde
Análise: Viagem de Bolsonaro buscou reforçar discurso com a direita, mas traz risco à diplomacia
Guerra na Ucrânia: divergência entre ação diplomática e Bolsonaro "enfraquece posição do Brasil", diz analista