Drama no Litoral de SP tem bebê morto, sobrevivente por um triz e resgate heroico; veja histórias
As fortes chuvas que caíram no último fim de semana sobre o litoral norte de São Paulo, um dos destinos turísticos mais famosos do país, já deixaram 48 pessoas mortas, 47 na cidade de São Sebastião e uma em Ubatuba. Desde então, bombeiros, agentes da Defesa Civil, voluntários, muitos moradores da região, fazem um grande mutirão para retirar sobreviventes e localizar possíveis vítimas ainda soterradas. Há pelo menos 1.500 pessoas entre desabrigadas e desalojadas pela enxurrada.
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Nesta terça-feira, a primeira vítima foi sepultada. Levy de 9 meses, morreu na madrugada de domingo após ser levado dos braços da avó por uma onda de água e lama que atingiu toda sua família.
Poucos instantes antes, o menino havia sido salvo com vida da casa que morava, na Vila Sahy, após quedas de árvore destruírem todo o imóvel, deixando somente a caixa d'água de pé. Levy morreu sem poder dizer as primeiras palavras, mas o pai relembra sua alegria e carinho.
— O Levy não sabia falar, mas em seu olhar só havia amor. Foi um verdadeiro anjo e Deus recolheu ele de volta— diz o pai Wagner de Oliveira, de 30 anos, muito emocionado.
Já o vigilante Guilherme Santos, de 38 anos, conseguiu salvar a mulher e a filha em meio ao mar de lama. Ele conta que ouviu um estrondo às 3h50 de domingo e foi à janela:
— Aí não vi mais as casas dos meus vizinhos, e sim um mar de lama. Meus vizinhos não existem mais e não sei se vou conseguir voltar para casa — afirma Santos.
O homem foi uma das dezenas de moradores que ajudaram o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil na procura por sobreviventes da tragédia. Ele perdeu amigos e a casa.
— Vim ajudar a achar pessoas. Quando tudo aconteceu, ouvi pedidos de socorro, aos gritos, mas não consegui sair de casa na hora por causa da lama. Precisei quebrar o portão de casa para sair e tirar minha esposa e minha filha daqui. Em seguida, voltei para tentar ajudar os vizinhos — conta.
O ajudante de pedreiro Thiago Aparecido da Silva, natural de Santos, é um dos desalojados que estão no abrigo improvisado na Escola Municipal Professora Patrícia Viviani, no centro de São Sebastião. Silva se mudou há cinco meses para o município, com três filhos de 13, 5 e 2 anos de idade, e a mulher, que é diarista. Há três meses, ele aluga uma casa por R$ 500 no Morro do Juramento, no bairro de Itatinga
— Estávamos dentro de casa e, por volta de 2h da madrugada (de domingo), acordamos com um barulho de pedra no meio da chuva forte. Minha esposa abriu a porta e viu as pedras descendo ladeira abaixo. Pouco tempo depois, vimos uma geladeira e parte de paredes descendo a rua. Como a chuva estava forte, não saímos, mas a casa do vizinho deslizou e bateu na nossa. Tive que quebrar o forro e o telhado para fugir com meus filhos — afirma.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que há moradores em áreas de risco que têm se recusado a sair das casas condenadas ou voltado aos imóveis por medo de saques. O governo de São Paulo já tem 80 policiais da tropa de choque para impedir furtos em áreas de risco. Nesta quarta, chegarão outros 300 homens para reforçar a segurança.