É falso que roubar celular não será mais crime após decisão do STF
Publicações enganam ao tirar de contexto decisão do Tribunal sobre caso específico
Uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre furto de celular circula fora de contexto nas redes sociais fora de contexto. Entenda o que alega o boato:
Que o Supremo teria decidido que furto de celular não será mais considerado crime
Algumas publicações também afirmam que a suposta decisão valeria para roubos
Mas a informação divulgada nas redes é enganosa. Não há qualquer decisão do tribunal nesse sentido.
O que decidiu o STF?
Uma busca no Google pelas palavras-chave "STF furto roubo celular não é mais crime" não identificou qualquer resultado na imprensa qualificada que confirmasse uma decisão nesse sentido.
Em 2017, o ministro Ricardo Lewandowski do STF suspendeu uma ação penal contra um homem que havia furtado um celular avaliado em R$ 90. A decisão foi tomada com base no princípio da insignificância.
O que é o "princípio da insignificância"?
Esse é um princípio jurídico que permite absolver da pena práticas consideradas como de menor potencial ofensivo, ou seja, aquelas cujos efeitos não são graves o suficiente. Furtos de objetos de pequeno valor podem se enquadrar nesse princípio.
Cada caso, porém, deve ser analisado de maneira separada. Não há um limite estabelecido para que seja aplicado o princípio da insignificância.
Vale lembrar que o STF considera esse princípio incompatível com crimes que são praticados por meio do uso de violência ou grave ameaça, por exemplo.
Qual a diferença entre furto e roubo?
A principal diferença entre esses dois crimes é o uso da violência ou da ameaça, conforme previsto no Código Penal.
Enquanto no furto simples há apenas a subtração de um bem, no roubo isso acontece por meio do uso da violência ou da "grave ameaça", como o uso de uma arma para coagir a pessoa a entregar um objeto, por exemplo.
Por empregar violência ou "grave ameaça", crimes de roubo não podem ser beneficiados com o princípio da insignificância.
Esse vídeo também foi analisado pela Agência Lupa.