Edegar Pretto insiste em cabeça de chapa do PT e critica regime de recuperação fiscal
PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - O pré-candidato do PT ao Governo do Rio Grande do Sul, Edegar Pretto, mantém o impasse em torno das candidaturas de esquerda no estado. Diz que aceita negociar uma composição com os demais partidos, mas reivindica ao PT "o tamanho que ele tem".
Em sabatina à Folha de S.Paulo e ao UOL, o deputado estadual também criticou duramente a renúncia de Eduardo Leite (PSDB) e duas das suas principais vitórias no Legislativo: a aprovação do regime de recuperação fiscal e a privatização da estatal de energia CEEE.
Pretto negou que a preferência do ex-presidente do Luiz Inácio Lula do Silva no Rio Grande do Sul fosse pela candidatura do ex-deputado federal, Beto Albuquerque (PSB).
"Eu tive com o presidente Lula em uma reunião de duas horas e ele nunca pediu para que eu retirasse meu nome. Lula sabe que já fizemos um amplo diálogo com a nossa base. Delegou a nós fazer essa agenda. Nessa semana, temos mais uma tentativa de entendimento", diz.
A passagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo RS esfriou a candidatura de Pretto. Em 28 de maio, três dias antes do desembarque de Lula, Pretto realizou um evento de lançamento da candidatura, com direito a jingle e presença de petistas ilustres, como Dilma Rousseff e Tarso Genro.
Mas, em vez de apoiá-lo nominalmente, Lula deixou o estado com repetidos pedidos para que os partidos de esquerda se entendam e cheguem a um acordo em relação às candidaturas a governador e senador.
Para reivindicar a cabeça de chapa, Pretto argumenta que o PT tem a maior bancada da Assembleia Legislativa, com nove deputados, e que trabalha por sua candidatura desde abril de 2021.
Sobre um possível retorno de Leite à disputa, Pretto criticou o tucano por "dar as costas ao estado" em meio à maior estiagem em 70 anos. No entendimento do petista, Leite deixou de governar desde que deu início às aspirações presidências:
"Agora a gente consegue compreender o porquê desse desgoverno. Desde a metade do ano passado quando ele tomou essa decisão que ele disputaria as prévias internamente ele parou de governar o estado. Lançou vários programas: 'avançar', 'assistir' e fugiu", diz Pretto.
O pré-candidato do PT não fala com todas as letras que rejeitaria a adesão do estado ao regime de recuperação fiscal, mas diz que espera que "a adesão não seja formalizada". Pretto promete também um "olhar de lupa" para o contrato de privatização da CEEE, que segundo do deputado foi concedida sem a segurança de que o serviço seria prestado.
"Leite quer apenas comprovar ao Deus mercado que é um privatista competente."
Pretro é filho de Adão Pretto, um dos fundadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Sul e deputado estadual pelo PDT e pelo PT por seis mandatos consecutivos.
Em 2009, ele morreu vítima de uma pancreatite. Edegar se elegeria deputado estadual pela primeira vez no ano seguinte. Em 2017, presidiu a Assembleia do RS.
O petista abriu a série de sabatinas com pré-candidatos ao Governo do Rio Grande do Sul promovida pela Folha de S.Paulo e pelo UOL.
Nesta segunda-feira (13), às 16h, será a vez do ex-deputado federal Vieira da Cunha (PDT). Na terça-feira (14), as entrevistas seguem com o senador Luis Carlos Heinze (PP), às 10h, e com o atual governador do RS, Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), às 16h.
Na quarta-feira (15), as sabatinas se encerram com as entrevistas do ex-deputado federal Beto Albuquerque, às 10h, e do ex-ministro e deputado federal Onyx Lorenzoni (PL), às 16h.
A sabatina foi conduzida pelo colunista do UOL Kennedy Alencar, e pelos jornalias Tales Faria, do UOL, e Alexa Salomão, da Folha de S.Paulo.