Ela Fashion Summit encerra debates no ID Rio Festival discutindo a importância do ESG para as empresas

O novo luxo e as novas ferramentas digitais, temas do último dia de talks do Ela Fashion Summit, têm tudo a ver com uma sigla: ESG (environmental/ meio ambiente, social e governança). Para Taciana Abreu, head de sustentabilidade do Grupo Soma), e Renata Abranchs, consultora de branding para a moda, o conceito ESG muda tudo.

A tal ponto que todos os relatórios do grupo Soma, segundo Taciana, são divididos nesses três pilares. “Há sete anos quando começamos a aplicar esses princípios era um trabalho de formiga. Quando o mercado de investimentos passou a considerar o ESG para investir, esse compromisso passou para o nível da diretoria”, lembrou Taciana.

“No pilar ambiental”, continuou Taciana, “quando fazemos o inventário da emissão de carbono temos que medir tudo, consumo de água, energia, resíduos. No social, precisamos cuidar da nossa gente acelerando, por exemplo, carreiras de pessoas pretas, pardas e indígenas. Na governança, é importante acompanhar o índice de transparência e transformar sustentabilidade em cultura”.

Renata Abranchs, consultora de branding para moda, anunciou o lançamento da Calculadora Moda ESG, ferramenta para medir como vai a empresa nesses quesitos. Segundo Renata, a geração de 2030 já nascerá numa sociedade alarmada com as mudanças climáticas e preocupada com a inclusão. “Se a marca quer sobreviver tem que estar de acordo com esse espírito”, avisa.

“Qual o papel do desejo nessa ordem das coisas?”, perguntou Paula Lagrotta, da Kitecoat, que faz agasalhos a partir de pipas de kitesurf. Para Taciana Abreu, o desejo é essencial na moda. “Toda a roupa que a gente precisa já está aí no planeta. Por que continuar produzindo? Porque a moda opera no desejo. A coleção de upcycling é a meta maior da Farm. Independente de ser natural ou reciclado, tem que ter desejo senão vira resíduo de novo.”

Na segunda conversa do último dia de talks, mediada pela repórter da revista ELA Marcia Disitzer, Yamê Reis, fundadora do Rio Ethical Fashion, lembrou que o conceito de novo luxo começou surgir há 10 anos com a Off-White, plataforma com sede em Milão criada por Virgil Abloh. “A marca se associou a Nike, Ikea, Levis e chacoalhou o mercado. François-Henri Pinault, fundador de grupo Kering, gigante do mercado de luxo, começou nessa época a falar em capitalismo generoso, com as marcas pensando menos em competição e mais em produtos melhores e acessíveis.”

Segundo Yamê, o novo luxo estaria em empresas e marcas com o propósito de melhorar o mundo. Entre essas marcas, citou Osklen, pelo pioneirismo e pesquisa de materiais; Flavia Aranha, que acompanha o desenvolvimento do produto a partir da casa da agricultora; a Vert, que produz tênis a partir da borracha da Amazônia e a Blue-aya, marca de cosméticos, à base de algas marinhas, que acaba de lançar com a filha Maya.

Selecionada para participar de um projeto de Beyoncé para apoiar estilistas pretos, a marca revelação do dia foi A-Aurora (@aaurora), de Izabella Aurora Suzart de Sant’ Ana. Pequena, começou com sapatos e agora faz bolsas e lenços, introduzindo pouco a pouco a sustentabilidade na sua produção.

Nascida em Madureira, Izabella contou que não achava que uma carreira na moda seria possível para ela. Acabou estudando moda na PUC e começando a própria marca em 2014. Para ela, cada conquista no terreno da sustentabilidade deve ser comunicada ao consumidor.

O Ela Fashion Summit é uma realização do ID Rio e da revista ELA com apresentação da Enel e patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro.