Em projeção da Fiocruz, imunização de toda a população do Rio levaria mais de 2 anos no ritmo atual

Se o ritmo atual de vacinação for mantido, a população total do estado do Rio só será imunizada em pelo menos dois anos, ou 775 dias. A projeção é do painel MonitoraCovid, produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que também prevê 995 dias, ou dois anos e meio, o tempo para que todo o País seja vacinado contra a Covid-19. Até o momento, apenas 5,4% da população fluminense, um total de 734 mil pessoas, recebeu ao menos uma dose. O percentual de imunizados no Brasil todo é de 5,9%, com 2,5 milhões aplicadas. E o prazo pode se estender com paralisações nos calendários das cidades, como ocorreu na semana passada no Rio.

Para imunizar até o final deste ano toda a população do estado apta a receber o imunizante, com mais de 18 anos de idade, 12,7 milhões de pessoas, seria preciso mais que triplicar o número de aplicações diárias. A quantidade precisaria sair dos atuais 18,8 mil para 62,6 mil vacinas por dia útil, levando em conta só a primeira dose.

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Os cálculos são do epidemiologista Diego Xavier, responsável pelo MonitoraCovid da Fiocruz. Ele alerta, no entanto, que a recente paralisação da vacinação no Rio e em outras cidades ainda não entrou nos cálculos, e a projeção de vacinar toda a população poderá ser ampliada. — Todo dia, quando incluímos novos vacinados, a conta é refeita — explica.

Diego destaca que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem condições de fazer as aplicações diárias necessárias, mas a logística depende da disponibilidade de vacinas e da coordenação eficaz entre todos os entes envolvidos:

— O Governo federal tem que conseguir e distribuir essa vacina. E depois a gente tem que ter velocidade na aplicação, o que já passa para os governos estaduais e municipais. Cada um tem sua responsabilidade. Se a gente conseguir fazer isso funcionar junto, esses dois aspectos, a gente tem capacidade sim de vacinar o que a gente precisa para chegar ao fim do ano com toda a população imunizada. Mas a gente precisa que isso funcione como se fosse um relógio — afirmou Xavier.

Com a falta de doses disponibilizadas pelo Plano Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde (MS), estados e municípios começaram a se mobilizar para comprar vacinas diretamente dos laboratórios. No último sábado (13), o governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, afirmou que pretende adquirir 5 milhões de imunizantes.

Iniciativas isoladas

Para o infectologista Alberto Chebabo, a movimentação de prefeituras e governos estaduais para a compra de doses é positiva, mas representa apenas um paliativo. Ele diz que o País precisa de uma ação nacional para acelerar a imunização em todo o território:

— Talvez essas ações pressionem o Ministério da Saúde a tomar algumas medidas, mesmo que atrasadas — diz — Os estados estão fazendo o papel que era do Plano Nacional de Imunização. Uma quebra completa do pacto federativo, mas que foi necessária devido à inação e à sabotagem do presidente e do próprio ministério à vacinação — critica.