Em reunião do G20, EUA acusam autoridades financeiras russas de cumplicidade na guerra

Secretária de Tesouro dos EUA, Janet Yellen, durante reunião de líderes financeiros do G20 em Bengaluru, na Índia

Por Shivangi Acharya e David Lawder

BENGALURU (Reuters) - A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, acusou autoridades russas presentes a uma reunião de líderes financeiros do G20 de serem "cúmplices" das atrocidades na invasão russa da Ucrânia, enquanto a anfitriã Índia evitou mencionar a guerra de um ano em comentários inaugurais.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, pediu aos líderes financeiros que se concentrem nos "cidadãos mais vulneráveis" do mundo, sem fazer referência direta à guerra, embora o conflito e seus efeitos na economia global provavelmente dominem a reunião de dois dias.

Modi disse que a pandemia de Covid-19 e "as crescentes tensões geopolíticas em diferentes partes do mundo" levaram a níveis de dívida insustentáveis em vários países, interrupções nas cadeias de suprimentos globais e ameaças à segurança alimentar e energética.

"Peço que suas discussões se concentrem nos cidadãos mais vulneráveis do mundo", declarou ele, acrescentando que estabilidade, confiança e crescimento devem ser trazidos de volta à economia mundial.

Em comentários sobre o primeiro aniversário da invasão russa, Yellen convocou os colegas do G20 a "redobrarem seus esforços para apoiar a Ucrânia e restringir a capacidade da Rússia de guerrear".

Espera-se que os líderes das democracias ricas do G7 anunciem novas sanções contra aqueles que ajudam o esforço de guerra da Rússia, após uma reunião virtual com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, ainda nesta sexta-feira.

E antes dessa reunião, o Reino Unido emitiu mais sanções contra a Rússia, incluindo proibições de exportação de todos os itens usados no campo de batalha e veto de importação de produtos de ferro e aço.

O bloco G20 inclui os países do G7, além de Rússia, China, Índia, Brasil e Arábia Saudita, entre outros.

Yellen disse que o uso, pelo presidente russo, Vladimir Putin, de alimentos e energia como armas de guerra, prejudicou não apenas a Ucrânia, mas a economia global e especialmente os países em desenvolvimento.

"Peço às autoridades russas aqui no G20 que entendam que seu trabalho contínuo para o Kremlin os torna cúmplices das atrocidades de Putin", disse Yellen. "Eles são responsáveis pelas vidas e meios de subsistência que estão sendo tirados na Ucrânia e pelos danos causados globalmente."

O ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, e a presidente do banco central do país, Elvira Nabiullina, não compareceram à reunião do G20 na Índia, e Moscou foi representada por outras autoridades.

O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, disse à Reuters que os líderes financeiros do G20 precisam condenar a agressão da Rússia contra a Ucrânia e que a Europa está trabalhando em novas sanções contra Moscou.