ENTREVISTA-Chesf, da Eletrobras, quer levantar R$2 bi com vendas de ativos para concluir obras
Por Luciano Costa SĂO PAULO (Reuters) - A Chesf, subsidiĂĄria da estatal federal Eletrobras, com atuação principalmente na regiĂŁo Nordeste, pretende levantar cerca de 2 bilhĂ”es de reais com a venda de ativos, como hidrelĂ©tricas, usinas eĂłlicas e linhas de transmissĂŁo, disse Ă Reuters nesta quinta-feira o novo presidente da companhia, Sinval Gama, que assumiu o cargo na semana passada. Maior elĂ©trica do Brasil em capacidade instalada, a Chesf acumulou uma ampla carteira de projetos de geração e transmissĂŁo nos Ășltimos anos, mas tem encontrado dificuldades para tocar os empreendimentos, muitos dos quais estĂŁo atrasados ou mesmo paralisados. Parte dos recursos a serem obtidos com a negociação de ativos seriam utilizados para bancar essas obras em andamento, que a companhia espera entregar atĂ© o inĂcio de 2019. Mas a empresa espera tambĂ©m conseguir negociar a venda de alguns dos empreendimentos que ainda nĂŁo iniciaram obras, reduzindo sua lista de projetos em andamento. "Vamos tentar vender esses projetos, nos tirar da obrigação de investimentos", explicou Gama, em entrevista Ă Reuters. "O objetivo Ă© tirar esse passivo. NĂŁo estamos pensando em iniciar nada novo... Temos que usar 2017, 2018, e atĂ© mesmo o comecinho de 2019 para resolver esse passivo", afirmou. Segundo ele, a estatal tem um conjunto de empreendimentos avaliados em 3,7 bilhĂ”es de reais que poderiam ser negociados, e esses ativos serĂŁo oferecidos a investidores atĂ© que a companhia consiga levantar os 2 bilhĂ”es de reais planejados. "Estamos olhando de A a Z... mas vamos vender aqueles que derem o melhor retorno. Tenho que começar em 2017, porque jĂĄ preciso de recursos", afirmou o executivo. As intençÔes da Chesf encaixam-se no planejamento de sua controladora, a Eletrobras, que no ano passado divulgou metas para entre 2017 e 2021 que incluem a obtenção de cerca de 4,6 bilhĂ”es de reais com a venda de ativos para reduzir dĂvidas. DEMISSĂES VOLUNTĂRIAS Gama disse que outra medida da Chesf para recuperar sua saĂșde financeira serĂĄ a realização de um plano de demissĂ”es voluntĂĄrias. A estatal tem cerca de 4,5 mil funcionĂĄrios, dos quais 1,8 mil devem ser elegĂveis ao plano. "Vamos incentivar a saĂda de colaboradores e vamos reestruturar organizacionalmente, diminuindo o nĂșmero de nĂveis de gerĂȘncia... vamos na linha de eficiĂȘncia e custeio", disse Gama. O plano geral da Eletrobras inclui planos de aposentadoria incentivada para atĂ© quase 5 mil funcionĂĄrios. Segundo Gama, a Chesf tem hoje despesas operacionais superiores Ă receita, o que exigirĂĄ uma restruturação para que a companhia possa, no futuro, voltar a investir. O executivo, que antes de assumir o comando da Chesf estava na distribuidora de energia goiana Celg-D, tambĂ©m do grupo Eletrobras, afirmou que a nomeação para a subsidiĂĄria da estatal no Nordeste foi "uma honra". "Ă uma empresa em que entrei como estagiĂĄrio 40 anos atrĂĄs", disse. No retorno Ă Chesf, o executivo almeja retomar a saĂșde financeira da companhia e concluir as obras em atraso, deixando-a pronta para um novo ciclo de expansĂŁo. "Quero começar a poder dizer, poxa vida, como a Chesf Ă© forte... participando de leilĂ”es, crescendo sustentavelmente... Esse Ă© o sonho".