Equipe de Lula pressiona, e PT deve manter apoio a Freixo no RJ
- Opa!Algo deu errado.Tente novamente mais tarde.
- Marcelo FreixoProfessor e polĂtico brasileiro
O PT deve manter o apoio Ă candidatura do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) ao Governo do Rio de Janeiro mesmo com o impasse ainda nĂŁo solucionado sobre o nome da chapa para o Senado no estado.
A decisĂŁo foi indicada apĂłs pessoas prĂłximas ao ex-presidente Lula manifestarem contrariedade ao rompimento.
A executiva nacional se reuniu nesta quinta-feira (4) e, formalmente, decidiu adiar o posicionamento sobre o tema para esta sexta-feira (5), prazo final para a realização das convençÔes. Mas houve sinais de que a maioria não concordava com o rompimento proposto pelo PT-RJ.
Pesou na decisĂŁo a articulação que jĂĄ dura mais de um ano entre Freixo e Lula para construção da candidatura. O deputado trocou o PSOL pelo PSB em acordo avalizado pelo ex-presidente visando a disputa do PalĂĄcio Guanabara. Em comĂcio no mĂȘs passado, o petista fez declaração enfĂĄtica em defesa do nome do aliado.
O partido também sofreu pressão nas redes sociais de apoiadores que questionavam o abandono de uma candidatura de perfil progressista para, no lugar, alinhar-se ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), na chapa encabeçada pelo ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT).
O PT afirma que o acordo para apoio a Freixo destinava ao partido a indicação do nome Ășnico da chapa ao Senado. O indicado foi o presidente da Assembleia Legislativa, AndrĂ© Ceciliano (PT). O deputado federal Alessandro Molon (PSB), porĂ©m, afirma nĂŁo ter participado desta negociação e teve o nome confirmado na convenção estadual.
Veja como foram as Ășltimas pesquisas eleitorais de 2022:
O rompimento foi defendido pelo PT-RJ apĂłs o presidente do PSB, Carlos Siqueira, indicar que nĂŁo interviria para que Molon retirasse sua candidatura ao Senado.
Durante a reunião, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ex-presidente do partido, Rui Falcão, defenderam a manutenção da aliança. As falas foram encaradas como um sinal de apoio de Lula ao deputado.
"Temos um compromisso. Quando fazemos um compromisso, a gente cumpre. NĂłs queremos que o PSB fale abertamente sobre como vai trabalhar nisso. Isso nĂŁo Ă© contra o Molon, ele tem legitimidade de pleitear. Mas isso tem a ver com uma estratĂ©gia polĂtica de unidade do nosso campo. NĂŁo Ă© possĂvel sair dividindo a disputa para o Senado num palanque tĂŁo importante como o Rio de Janeiro", afirmou Gleisi em entrevista.
"O PSB oficializou na executiva que nĂŁo vai dar financiamento eleitoral. Isso jĂĄ Ă© grave o bastante, porque quando tira o financiamento, o candidato vai fazer o quĂȘ? Se virar? Vai ser candidato de quem? Dele mesmo? Teve um passo importante", disse ela.
Após a reunião, o vice-presidente do PT Washington Quaquå, maior defensor do rompimento com Freixo, retirou a proposta de fim da aliança. Pediu, porém, autorização para liberar a militùncia a apoiar outros candidatos, a fim de ampliar os palanques do ex-presidente no estado. O tema ainda serå debatido na executiva nacional.
EleiçÔes 2022: quem sĂŁo os prĂ©-candidatos Ă presidĂȘncia?
Federação partidåria: saiba o que é e como vai impactar as eleiçÔes de 2022
Como ganhar no primeiro turno para presidente e governador nas eleiçÔes?
"No Rio nĂŁo pode haver interesse individual ou de grupo que se sobreponha ao objetivo principal, que Ă© isolar o bolsonarismo nos seus 25% a 30% e ampliar a campanha do Lula. As Ășltimas divergĂȘncias ocorridas em relação ao acordo feito e descumprido pelo PSB nĂŁo podem prejudicar o principal", escreveu QuaquĂĄ.
"Solicito que seja dada a orientação para a militùncia de que, mesmo tendo dado o apoio formal do PT à chapa do PSB, que se busque ao måximo ampliar o palanque do presidente Lula, no estado, ampliando nossa campanha e isolando o bolsonarismo."
O movimento pelo rompimento com Freixo foi alvo de crĂticas nas redes sociais. A escritora MĂĄrcia Tiburi, candidata ao governo fluminense em 2018, defendeu a manutenção do apoio a Freixo.
"Evidentemente, o PT deve apoiar Freixo no Rio. A postura de Molon não nos leva a nada nem o levarå a lugar algum, pois ele não se elegeria para o Senado nem com todo o esforço", escreveu ela.
O jornalista Breno Altman, do site Opera Mundi, afirmou que "romper com Freixo Ă© ajudar o governador bolsonarista [ClĂĄudio Castro] e atrapalhar a candidatura de Lula".
"O PT tem direito a vaga de senador na coalizĂŁo prĂł-Freixo. A candidatura Molon viola esse acordo, goste-se ou nĂŁo de Ceciliano. Cabe ao PT-RJ pressionar, mantendo seu nome ao Senado", escreveu Altman.
O youtuber Felipe Neto também se posicionou a favor do deputado.
"O PSB nĂŁo cumpriu o acordo? Ok. PatĂ©tico por parte do partido. Mas polĂtica nĂŁo pode ser feita de forma intransigente. PT retirar o apoio ao Freixo Ă© deixar claro que prefere o Castro ganhando no RJ. PT abraça atĂ© quem apoiou o golpe, porra! E vai largar a mĂŁo do Freixo? Poupe-me", escreveu o comunicador.
A movimentação de uma ala da sigla em favor dos planos de Paes tambĂ©m reavivou crĂticas que lembravam o apelido de Partido da Boquinha, cunhado pelo ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho em 1999 para se referir Ă seção fluminense da sigla.
Qual a data das EleiçÔes 2022?
O primeiro turno das eleiçÔes serĂĄ realizado no dia 2 de outubro, um domingo. JĂĄ o segundo turno â caso necessĂĄrio â serĂĄ disputado no dia 30 de outubro, tambĂ©m um domingo.
Veja a ordem de escolha na urna eletrÎnica nas EleiçÔes 2022
Deputado federal (quatro dĂgitos)
Deputado estadual (cinco dĂgitos)
Senador (trĂȘs dĂgitos)
Governador (dois dĂgitos)
Presidente da RepĂșblica (dois dĂgitos)
Em ĂĄudio de oito minutos enviado a um grupo de militantes, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) respondeu aos ataques.
"O PT estĂĄ aqui para dar todo o apoio ao Freixo. Mas peraĂ, o que Ă© isso? O maior partido de esquerda na AmĂ©rica Latina, no Rio de Janeiro, vai ficar fora da chapa? Acha que isso Ă© normal? [...] Onde estĂĄ o erro do PT nesse negĂłcio? Onde Ă© que estĂŁo os boquinhas nisso?", disse ela.
HĂĄ tambĂ©m resistĂȘncia num setor do partido ao nome de Ceciliano, petista que tem bom trĂąnsito com bolsonaristas no Rio de Janeiro e tem feito agendas ao lado de ClĂĄudio Castro (PL).
Molon tem usado essa aproximação entre Castro e Ceciliano para reforçar a necessidade de sua candidatura. No comĂcio em julho de Lula no Rio de Janeiro, o deputado do PSB afirmou que Ă© necessĂĄrio derrotar o presidente Jair Bolsonaro e Castro "sem conciliação, sem ambiguidades". Ele recebeu o apoio de artistas, como Anitta, e de nomes do PSOL.
Ceciliano, por sua vez, vem tentando se aproximar da militùncia mais ideológica do partido. Ele tem se apresentado como um nome fiel a Lula por não ter deixado o PT nos momentos de crise da Operação Lava Jato, em contraposição à mudança de partido feita por Molon.