Com Doria na pista e Bolsonaro no PL, corrida para 2022 oficialmente começou
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- Jair BolsonaroCapitão reformado, político e 38º presidente do Brasil
Se fosse um grid de largada, Luiz Inácio Lula da Silva e seu recall eleitoral de seus oito anos de mandato como presidente sairia à frente do grande prêmio da sucessão 2022. Se a corrida fosse hoje, Jair Bolsonaro, com tanque extra de gasolina permitida aos chefes de Estado, porém mais pesado, viria logo atrás.
O capitão larga com um olho no líder nas pesquisas e outro em seu ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos), que está mais na pista do que nunca após o lançamento de um livro em que promete contar os podres do ex-chefe. Um deles é a imposição de nomes inaceitáveis para o comando da Polícia Federal no tempo em que trabalhavam juntos.
Quem também está de olho no novato é João Doria, vencedor das prévias do PSDB e que já mandou piscadelas para o ex-juiz. Ele ainda o vê mais como possível aliado do que como rival.
Ciro Gomes (PDT) larga como azarão, apesar de ter hoje o mesmo desempenho nas pesquisas do que dois dos concorrentes. Um desempenho que não atinge dois dígitos das preferências.
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Sua função ali é garantir um palanque à esquerda caso o do candidato favorito desabe, como em 2018.
Lá atrás, onde a vista não alcança, Rodrigo Pacheco, recém-filiado ao PSD, deve estar se perguntando uma hora dessas onde diabos botou seu carro e se vale a pena ou não concorrer com tão pouca gasolina e tanta gente à sua frente. Mais provável que ele negocie o que tiver no tanque no varejo para emplacar uma posição de copiloto.
A menos de um ano da eleição, este é o desenho da pista sucessória. Há, no caminho, uma improvável dobradinha para Doria e Sergio Moro largarem juntos. Resta saber quem cederia o assento principal para quem. Mas há também um entendimento de que se cada um correr por si, Lula e Bolsonaro chegarão sozinhos e sem adversários à reta final do segundo turno.
(Numa conta simples, o pouquinho obtido pelo tucano na largada com o poucão de Moro já os aproximaria do desempenho de Bolsonaro, que em uma pesquisa recente acaba de ver sua base de aprovação ser reduzida a 19%, pior índice desde sua eleição. Se alguém ceder, ainda dá pra alcançar).
Com os pilotos a postos, o que faltam agora são detalhes e ajustes na revisão.
Bolsonaro vai mesmo para o PL. O dono da escuderia, Valdemar Costa Neto, quer fazer sua bancada e sabe que para isso precisa de um puxador-de-votos, a exemplo do que fez com Tiririca (PL-SP). Pior que estava ficou, mas não dá para dizer que a estratégia deu errado.
A família Bolsonaro, com o pai na dianteira, promete entregar um caminhão de votos para o Legislativo com um elenco que mistura Tiririca a Eduardo Bolsonaro, comédia e terror no mesmo pacote.
Já Lula não disfarça o desejo de ter Geraldo Alckmin numa dobradinha impensável até pouco tempo. De saída do PSDB, o ex-governador de São Paulo já admite que as conversas estão andando. Se não for dele o assento, o perfil buscado pelo ex-presidente está ali.
Já o automóvel de Moro tem nas cores da bandeira o pastiche do que já foi lançado em 2018 pelo atual presidente. A cópia é fiel e as rodas têm a tração do espírito bolsonarismo sem o corpo de Bolsonaro. Vem na companhia a um bonde de desencantados que vai de Luiz Henrique Mandetta ao general Santos Cruz.
Essa corrida tem hora pra acabar. Na prática, já começou.