Exército ucraniano planeja reforçar posições em Bakhmut

O Exército da Ucrânia anunciou nesta segunda-feira (6) a intenção de "reforçar" suas posições em Bakhmut, o epicentro dos combates no leste, negando as especulações de que se retiraria diante das tropas russas que tentam cercar a cidade.

O anúncio ocorre no momento em que o chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgueni Prigozhin, voltou a reclamar da falta de munição de seus homens, que estão na linha de frente desde meados do ano passado.

Longe de recuar e apesar dos rumores de retirada que circulam há uma semana, os comandantes das Forças Armadas ucranianas "se pronunciaram a favor da continuidade das operações defensivas e de um reforço de nossas posições em Bakhmut" em reunião realizada nesta segunda-feira com o chefe de Estado, Volodimir Zelensky, informou a presidência ucraniana.

O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), um centro de pesquisas com sede nos Estados Unidos, afirmou no domingo que é "provável que as forças ucranianas estejam conduzindo uma retirada tática limitada" em Bakhmut.

Bakhmut, uma cidade que antes da guerra tinha cerca de 70.000 habitantes, tornou-se um símbolo da luta russo-ucraniana pelo controle da região industrial do Donbass devido à duração da batalha e às grandes perdas sofridas por ambos os lados.

As tropas russas avançaram ao norte e ao sul da cidade nas últimas semanas, cortando três das quatro rotas de abastecimento ucranianas e deixando como única saída a rota mais a oeste, para Chasiv Yar.

Apesar da ameaça de cerco e da reduzida importância estratégica da cidade, os ucranianos continuam defendendo ferozmente Bakhmut, que o presidente Zelensky visitou em dezembro e onde prometeu resistir "enquanto for possível".

Embora alguns analistas questionem a importância desta cidade agora devastada no conflito, o ISW acredita que a defesa de Bakhmut ainda faz "sentido estratégico" porque "continua esgotando tropas e equipamentos russos".

- "Traição" -

Do lado russo, o fundador do grupo Wagner, Yevgueni Prigozhin, acusou o Exército pela segunda vez em menos de duas semanas de não enviar munição suficiente para seus mercenários.

Segundo ele, o atraso só pode ser devido a dois motivos, "burocracia comum ou traição".

No mês passado, Prigozhin atacou o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov, acusando-os de cometer "traição" ao se recusarem a fornecer munição ao Wagner.

Em um vídeo publicado no fim de semana, Prigozhin disse que "se Wagner agora se retirar de Bakhmut, toda a frente entrará em colapso".

O ministro Shoigu visitou a cidade de Mariupol, devastada pelo longo cerco de seu exército no ano passado. Segundo o exército russo, Shoigu inspecionou as obras de reconstrução da cidade portuária.

Em sua terceira viagem à zona de conflito, o ministro visitou um centro médico, um centro de resgate e uma nova área residencial com 12 edifícios.

O governo russo apresentou em meados do ano passado um plano para reconstruir Mariupol em três anos, uma meta que parece ambiciosa dada a magnitude da destruição.

Por outro lado, as forças aéreas ucranianas informaram no domingo que derrubaram 13 drones explosivos de fabricação iraniana dos 15 lançados pela Rússia e que não causaram vítimas ou danos materiais.

A Rússia denunciou na semana passada vários ataques de drones ucranianos em seu território e na península anexada da Crimeia. Também denunciou uma incursão de "sabotadores" ucranianos na região de Bryansk, na fronteira com a Ucrânia.

bur-pop/pc/mb/aa