Falhas e atrasos marcam primeiro dia de desfiles no Carnaval de SP
SĂO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A primeira noite de desfiles das escolas de samba do Grupo Especial de SĂŁo Paulo foi marcada por atrasos e falhas tĂ©cnicas. Os problemas, porĂ©m, nĂŁo diminuĂram a empolgação e a emoção de sambistas e foliĂ”es pela volta ao sambĂłdromo apĂłs a paralisação do Carnaval por conta da pandemia.
Homenagens ao prĂłprio Carnaval e mensagens de esperança deram o tom da festa. A AcadĂȘmicos do TatuapĂ© espalhou cheiro de incenso pela avenida, enquanto a Mancha Verde animou a torcida e a Colorado do BrĂĄs fez o pĂșblico cantar alto nas paradinhas.
A AcadĂȘmicos do Tucuruvi, primeira escola a ocupar a avenida, estava prevista para entrar Ă s 22h30, mas sĂł iniciou sua evolução quase Ă s 23h. Com um tom saudosista e um samba-enredo que remeteu a antigos Carnavais, ela homenageou todas as agremiaçÔes que compĂ”e o grupo especial, inclusive ostentando os brasĂ”es delas em suas alas.
Yasmin Louise BenĂcio Souza, 18 anos, desfilou pela primeira vez, pela Tucuruvi, e nĂŁo escondeu a emoção. "Passou muito rĂĄpido, melhor sensação da minha vida e, com certeza, virei nos prĂłximos anos."
A segunda escola a desfilar no SambĂłdromo do Anhembi foi a Colorado do BrĂĄs, que apresentou o samba enredo "Carolina -- A Cinderela Negra do CanindĂ©", em referĂȘncia Ă escritora Carolina Maria de Jesus. A bateria nĂŁo poupou nas paradinhas, deixando a arquibancada entoando trecho do samba enredo.
Na sequĂȘncia, a Mancha Verde foi prejudicada por problemas em um de seus carros, o que atrasou em cerca de dez minutos o desfile. Com o samba enredo "Planeta Ăgua", a escola fez referĂȘncia a IemanjĂĄ, que nas religiĂ”es de matrizes africanas Ă© a orixĂĄ das ĂĄguas salgadas, e levantou a torcida.
A Tom Maior apresentou sem grandes contratempos seu enredo "O Pequeno PrĂncipe no SertĂŁo", fazendo alusĂŁo ao sertĂŁo nordestino. PorĂ©m, ao final do desfile, foi constatado que havia vazado Ăłleo na avenida do samba. Por causa disso, uma equipe da prefeitura precisou limpar a pista, o que atrasou em cerca de uma hora a entrada da Unidos de Vila Maria.
A Liga da Escolas de Samba informou à reportagem que verifica a origem do vazamento. Mesmo que seja constatado que ele correu de alguma das alegorias da agremiação, ela não deve ser punida.
Com previsão de começar seu desfile às 2h50 deste såbado (23), a Unidos da Vila Maria só iniciou sua apresentação às 3h54.
Tendo como um de seus compositores o sambista Dudu Nobre, a escola da Vila Maria foi a quinta a desfilar na madrugada deste sĂĄbado, trazendo o samba enredo "O Mundo Precisa de Cada Um de NĂłs. A Vila Ă© Porta-voz."
PenĂșltima a desfilar, a AcadĂȘmicos do TatuapĂ© tambĂ©m nĂŁo ficou livre dos problemas. O segundo carro quebrou assim que entrou na avenida, jĂĄ com o sol raiando.
Isso gerou tensĂŁo entre os integrantes da escola, que aumentaram o nĂșmero de pessoas para empurrar a alegoria e para tentar evitar eventuais problemas com os jurados. A escola desfilou no dia de seu santo padroeiro, SĂŁo Jorge, celebrado em 23 de abril.
Com um samba em referĂȘncia ao Preto Velho, uma entidade de religiĂ”es de matriz africana, representada por um homem negro idoso, a agremiação defumou a avenida com incenso, proporcionando uma experiĂȘncia sensorial ao pĂșblico.
Fechando o primeiro dia de desfiles, com cerca de 1h40 de atraso, a DragĂ”es da Real trouxe alegorias luxuosas para a avenida, contando inclusive com interpretaçÔes dignas de musicais. Homenageando o sambista Adoniran Barbosa, um dos Ăcones do samba paulistano, a agremiação ainda conseguiu animar o pĂșblico que resistiu atĂ© o inĂcio da manhĂŁ no Anhembi.
Parte das arquibancadas do sambĂłdromo nĂŁo chegaram a ficar cheias de pĂșblico desde o inĂcio do desfile.
Neste sĂĄbado desfilam, a partir das 22h30, Vai-Vai, GaviĂ”es da Fiel, Mocidade Alegre, Ăguia de Ouro, Barroca Zona Sul, Rosas de Ouro e ImpĂ©rio da Casa Verde.