Falsa vacinação de idosa: Perícia aponta que seringa utilizada para 'fingir' aplicação não tinha defeito
O Laboratório Forense do Instituto de Criminalística de Alagoas concluiu, na noite de quarta-feira (3), que a seringa utilizada por uma técnica de enfermagem que fingiu vacinar uma idosa de 97 anos contra a Covid-19 não tinha defeitos no funcionamento do êmbolo — peça que se move em vaivém no interior de seringas.
O caso só foi descoberto, pois, no dia da vacinação, uma cuidadora de idosa fez um vídeo do momento da aplicação. As imagens mostram a técnica de enfermagem furando o braço esquerdo da idosa, mas ela não injeta o imunizante e retira a seringa intacta.
Na última sexta-feira (29), a seringa e o imunizante foram encontrados no local de descarte do estacionamento do Pátio Shopping, no bairro Benedito Bentes, onde a profissional trabalhou no dia da falsa vacinação. O nome da técnica de enfermagem não foi divulgado. Ela foi afastada da função ainda no dia 28.
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De acordo com o UOL, o laboratório que fez a perícia recebeu lacrada a caixa coletora de materiais infectantes utilizada pela técnica de enfermagem. O material estava em poder da SMS (Secretaria Municipal de Saúde) e foi enviado ontem (2), após determinação do MP-AL (Ministério Público de Alagoas).
Uma idosa de 97 anos, de Maceió (AL), foi levada para ser vacinada nesta quinta, mas a comemoração pela imunização deu lugar à revolta. Isso porque a profissional de saúde responsável pela aplicação da vacina apenas colocou a agulha no braço da paciente, mas não injetou o líquido pic.twitter.com/NARdOj7j0h
— Metrópoles (de 🏠) (@Metropoles) January 28, 2021
"No primeiro exame, constatamos que no interior da caixa estavam depositadas 119 unidades de seringas usadas e descartadas. Desse total, apenas uma dessas seringas possuía líquido em seu interior", disse a perita criminal Bárbara Fonseca.
A seringa passou por um teste que mostrou que o êmbolo não apresentou defeito. Ou seja, a seringa funcionou normalmente.
Um laudo com o resultado dos exames deverá ser confeccionado nos próximos dias para ser enviado ao MP-AL e à Delegacia Geral de Polícia de Alagoas. As autoridades dependem da conclusão para instaurar inquérito criminal contra a técnica de enfermagem.
Relembre o caso
No dia 28 de janeiro, uma senhora foi tomar a vacina contra a Covid-19 em Maceió, e, ao se posicionar para receber o imunizante, a funcionária responsável pela vacinação inseriu a agulha no braço dela, mas não pressionou o êmbolo da seringa.
Por sorte, quem filmava o momento percebeu que o líquido não fora introduzido no corpo da idosa e que, assim, a vacina não fora aplicada.
Depois da vacinação frustrada, contudo, familiares falaram com a supervisora responsável pela imunização, que pediu desculpa, disse se tratar de um erro isolado e aplicou a vacina, desta vez corretamente.
Após o episódio, a Prefeitura de Maceió, sob gestão JHC (PSB), decidiu afastar a servidora responsável pelo erro e instaurar um processo administrativo.
O Ministério Público de Alagoas também vai investigar o caso. O promotor Paulo Henrique Prado, da 67ª Promotoria de Justiça da Capital, informou que instaurará uma notícia de fato para apurar a atitude da profissional.
Em nota, a Prefeitura de Maceió informou que "tomou ciência com indignação sobre o caso" e que "trata-se de um caso isolado".
O município disse ainda que vai ampliar a fiscalização e vai mudar o protocolo de vacinação. "O profissional de saúde terá que mostrar a seringa cheia antes da aplicação e vazia após o procedimento", diz a nota.