Falta de jurados pretos para avaliar escolas de samba do Grupo Especial é criticada por famosos e internautas

Durante a apuração das notas das escolas de samba do Grupo Especial do carnaval 2023, uma polêmica tomou conta das redes sociais. A falta de jurados negros foi apontada por criticada por internautas e famosos como as cantoras Teresa Cristina e Maria Rita, a atriz Elisa Lucinda e o humorista Yuri Marçal.

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No Twitter, os artistas se manifestaram com críticas contundentes sobre a maioria de jurados brancos na avaliação das agremiações. Em sua conta, a sambista Teresa Cristina questionou “É proibido ter jurado preto?”.

O fato também foi questionado pelo humorista Yuri Marçal: “mermão SÓ TEM jurado branco!”. Em seguida, ele fez outra postagem, dessa vez, indagando a relação da formação do profissional em urbanismo para julgar comissões de frente. “Perdoe a minha ignorância mas QUE PORRA TEM A VER UM CARA FORMADO EM URBANISMO SER JURADO DA COMISSÃO DE FRENTE?”.

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Uma hora depois, Elisa Lucinda também ponderou, além da questão racial, a formação dos avaliadores em áreas de origem europeia e que se distanciam de matrizes populares: “Gente, por que os jurados do carnaval carioca são TODOS brancos? E, além disso, são designers de moda e joias, bailarinos clássicos… Não sei se tais quesitos tão eurocêntricos os habilita para julgar está festa popular. Pronto, falei.”. A postagem foi retuitada pela cantora Maria Rita e teve 642,2 mil visualizações.

Procurada, a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa) ainda não se manifestou sobre a composição do júri. O coordenador de julgadores da Liga, Júlio Guimarães, no entanto, afirmou, em entrevista ao GLOBO, não saber quantos negros compõem o grupo de jurados.

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— Eu não vejo o porquê dessa polêmica. Todos são muito capacitados. Existem negros, claro que existem. Só não sei dizer quantos, até porque é uma questão delicada porque é autodeclarado. Nós escolhemos jurados pelo currículo. Em 40 anos a Liga nunca usou esse critério (de raça, para escolher os membros do júri). Já tivemos pessoas do movimento negro julgando, vários negros — defende o coordenador.

Neste ano, houve apenas um julgador novo, de mestre-sala e porta-bandeira. Os outros 35 são dos anos anteriores. A seleção acontece por e-mail, segundo o coordenador.

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— Quem quiser, manda o currículo e diz que está habilitado para julgar o quesito a, b ou c. Eu pego o currículo, que não tem foto, eu não sei como a pessoa é, seleciono três ou quatro e entrevisto as pessoas. Não temos preferência por ser mulher, homem, preto ou branco. Recebemos currículo sem foto, selecionamos e depois vamos conversar com a pessoa. A gente escolhe a pessoa mais adequada para a área. Ela também participa de simpósio, cursos — explica Júlio.