PF tem falta de agentes em setor que investiga autoridades com foro privilegiado
Uma das áreas de mais relevância da Polícia Federal, responsável por investigar autoridades com foro privilegiado nos tribunais superiores, está esvaziada e sem prestígio para atrair bons delegados.
Atualmente a Coordenação de Inquéritos Especiais conta somente com quatro investigadores, além do coordenador do setor, Leopoldo Lacerda. Foi um delegado desse setor que deflagrou a operação que prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, suspeito de corrupção envolvendo os pastores lobistas que atuavam dentro do MEC.
O delegado Bruno Calandrini deixou a vaga em 28 de junho. Ela já foi preenchida, porém foi necessário trazer um delegado do sul do país com apenas três anos de experiência.
O número de delegados do CINQ, como é chamado o setor, é o mais baixo dos últimos anos e compreende metade do efetivo que havia no início do governo de Jair Bolsonaro (PL).
No ápice da Operação Lava Jato, em 2016, havia 11 agentes.
O setor é o responsável por investigar parlamentares, ministros do governo, do Supremo Tribunal Federal (STF) e o presidente da República.
O número de delegados do setor passou a ser encolhido após decisão do STF que restringiu o foro privilegiado em 2018 para crimes ocorridos no andamento do mandato.
Mesmo assim, delegados que já passaram pelo setor alegam que há necessidade de mais profissionais. Segundo o portal Metrópoles, o CINQ decaiu em prestígio no atual governo e isso tem afastado bons profissionais diante dos inúmeros casos de interferência política na PF.
O próprio delegado Bruno Calandrini já havia pedido para ser transferido porque estava insatisfeito. O pedido foi feito antes da operação envolvendo o escândalo do MEC, que trouxe mais uma suspeita de interferência do governo Bolsonaro na corporação. Bolsonaro teria supostamente vazado informações da investigação para o ex-ministro.
Diante da falta de profissionais, a PF resolveu recentemente convergir os esforços para os inquéritos que tramitam no STF e mandar as investigações que estão no Superior Tribunal de Justiça para as superintendências regionais, de forma a aliviar o setor.