Fernanda Montenegro faz leituras de Nelson Rodrigues e celebra plateias lotadas: 'O teatro resiste a tudo'

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Fernanda Montenegro lembra ter sido “incansĂĄvel, insuportĂĄvel, inarredĂĄvel” ao implorar para que Nelson Rodrigues escrevesse uma peça original para o grupo Teatro dos Sete (formado por ela, Fernando Torres, Sergio Britto, Ítalo Rossi e o diretor Giani Ratto), no inĂ­cio dos anos 1960. Dessa obstinação da atriz — e do compromisso e da genialidade do dramaturgo — saiu “O beijo no asfalto”, encenado em 1961, que selou a ligação entre os dois. Anos mais tarde, ele escreveria tambĂ©m a pedido da atriz “Toda nudez serĂĄ castigada” (1965) e sua Ășltima peça, “A serpente” (1978). E foi com um texto dele que ela estreou no cinema, em 1965, na adaptação para as telas de “A falecida”.

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Agora, no mĂȘs do 110Âș aniversĂĄrio de nascimento do dramaturgo, atriz, de 92 anos, volta aos palcos cariocas com o espetĂĄculo “Nelson Rodrigues por ele mesmo”. Na montagem, baseada no livro homĂŽnimo de SĂŽnia Rodrigues, ela funde sua voz a do dramaturgo e revisita textos e ĂĄudios dele em primeira pessoa. As apresentaçÔes acontecem de hoje a domingo e de 12 a 14 de agosto no Teatro XP, no Jockey.

—Nelson era um ser humano com seus acertos e erros como qualquer um de nĂłs — diz Fernanda. — Como criador, Ă© a consolidação de um grande memorialista, articulista, cronista. Um escritor. O grande dramaturgo da nossa brasilidade.

Empossada em março na cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras, Fernanda chegou a apresentar, em julho, uma versão deste espetåculo na casa. A lotação foi esgotada, assim como este primeiro fim de semana no teatro, para alegria da atriz:

—Grande parte dos nossos teatros no paĂ­s estĂĄ com plateias lotadas. O teatro Ă© eterno. Resiste a tudo. Tudo.

Em meio Ă  resistĂȘncia, voltar a Nelson soa coerente quando Fernanda reflete sobre a importĂąncia que ele tem na crĂŽnica da nossa brasilidade.

— Gosto desta frase dele: “Aprendi a ser o máximo possível de mim mesmo.” O Brasil ainda não aprendeu a ser o máximo possível do Brasil mesmo — comenta.

Baque no set

AlĂ©m do reencontro com os palcos, Fernanda estĂĄ de volta aos sets de cinema com as filmagens de “Dona VitĂłria”. O longa Ă© baseado nas reportagens do jornal Extra sobre uma senhora que filmou, de seu apartamento, a atividade de traficantes de drogas. No meio das gravaçÔes, em maio, uma tragĂ©dia se abateu sobre a equipe: o diretor, Breno Silveira, morreu de infarto. O projeto agora estĂĄ sob a batuta de Andrucha Waddington.

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—Toda a nossa equipe de produção está no luto dessa perda — diz a atriz, que interpreta a protagonista. — Breno continua conosco.

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