Fiocruz: Pela 1a vez na pandemia, país inteiro apresenta situação crítica por conta da covid
A Fiocruz publicou na terça-feira um boletim especial alertando que, pela primeira vez do início da pandemia, o país inteiro apresenta piora de indicadores da covid-19.
A fundação analisou crescimento do número de casos e de óbitos, a manutenção de níveis altos de incidência de síndrome aguda respiratória grave (SARG), alta positividade de testes e sobrecarga dos hospitais. Até então, a doença se apresentava em estágios diferentes anos estados.
Leia também
Com aumento no número de casos, presidente do Einstein teme que hospital não consiga atender demanda
Perguntas e respostas: saiba como estados e municípios querem entrar na campanha da imunização
No primeiro dia de volta às aulas no Chile, duas escolas têm casos de covid e suspendem atividades
"Aconteceram eventos em 2020 que causaram surtos, como alguns feriados. Mas agora não se trata disso. É uma transmissão sustentada em outro patamar que atinge o país inteiro", afirma o sanitarista Christovam Barcellos, um dos autores do boletim.
O cenário alarmante representa apenas “a ponta do iceberg de um patamar de intensa transmissão no país", destaca a análise.
Com 20 unidades da federação com taxas de ocupação de leitos de UTI acima de 80%, eles defendem a necessidade de “adoção ampla de medidas não farmacológicas”.
Segundo a Fiocruz, seriam:
Manutenção de todas as medidas preventivas (distanciamento físico, uso de máscaras e higiene das mãos) até que a pandemia seja declarada encerrada.
Adoção de medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais, de acordo com a situação epidemiológica e capacidade de atendimento de cada região, avaliadas semanalmente a partir de critérios técnicos, como taxas de ocupação de leitos e tendência de elevação no número de casos e óbitos.
Implementação imediata de planos e campanhas de comunicação com o objetivo de esclarecer a população e reforçar a importância das medidas de prevenção e da vacinação.
Para o sistema de saúde e ações econômicas, estão:
Reconhecimento legal do estado de emergência sanitária e a viabilização de recursos extraordinários para o SUS.
Ampliação da capacidade assistencial em todos os níveis, incluindo leitos clínicos e de UTI para Covid-19 combinada com proteção, capacitação e valorização dos profissionais de saúde.
Aceleração da vacinação para toda a população coordenada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) do SUS.
Aprovação de um Plano Nacional de Recuperação Econômica, com retorno imediato do auxílio financeiro emergencial enquanto durar o estado de emergência, combinado com as políticas sociais existente de proteção aos mais pobres e vulneráveis.
"Os dados consolidados para o país confirmam a formação de um patamar de intensa transmissão da Covid-19. Se até este momento mais de 255 mil pessoas morreram por Covid-19, em alguns casos sem acesso à assistência e ao direito à saúde previsto na Constituição Federal, nas últimas semanas foram registradas as maiores médias de óbitos por semana epidemiológica e nos dias 13 e 28 de fevereiro pela primeira vez tivemos mais de 1.200 óbitos registrados em um único dia. Na última semana epidemiológica (21 a 27 de fevereiro) foram registrados uma média 54.000 casos e 1.200 óbitos diários por Covid-19", afirma o boletim.
No momento, 20 unidades da federação apresentam taxa de ocupação de leitos de UTI acima de 80%:
Porto Velho (100%), Rio Branco (93%), Manaus (92%), Boa Vista (82%), Belém (84%), Palmas (85%), São Luís (91%), Teresina (94%), Fortaleza (92%), Natal (94%), João Pessoa (87%), Salvador (83%), Rio de Janeiro (88%), Curitiba (95%), Florianópolis (98%), Porto Alegre (80%), Campo Grande (93%), Cuiabá (85%), Goiânia (95%) e Brasília (91%).
Cinco capitais estão com taxas superiores a 70%:
Macapá (72%), Recife (73%), Belo Horizonte (75%), Vitória (75%), São Paulo (76%).