DeSantis flerta com eleitorado mais conservador em discurso anual sobre a Flórida

O governador da Flórida, Ron DeSantis, fez, nesta terça-feira (7), um discurso com ares de comício eleitoral, no início de uma legislatura que debaterá várias políticas conservadoras que poderiam impulsionar sua candidatura à Casa Branca em 2024.

A nova estrela dos republicanos aproveitou o discurso anual sobre a Flórida para destacar seu próprio desempenho e abordar alguns dos temas que mais seduzem os eleitores de direita, como sua luta contra a ideologia progressista "woke" ou a defesa da liberdade diante das supostas imposições da esquerda.

"Juntos fizemos da Flórida o destino mais desejado do país", declarou DeSantis diante dos parlamentares em Tallahassee, a capital do estado. "Manteremos o rumo. Não iremos retroceder e posso prometer a vocês uma coisa: 'vocês ainda não viram nada'", completou.

Durante a sessão legislativa de 60 dias, os legisladores estaduais examinarão, entre outros temas, um projeto para estender uma lei que veta o ensino de assuntos relacionados a orientação sexual e identidade de gênero nas escolas primárias.

Se aprovada, esta iniciativa também proibirá atribuir a um aluno "um pronome que não corresponda ao seu sexo" ao considerar que "o sexo de uma pessoa é um traço biológico imutável".

Um legislador estadual também apresentou um projeto de lei nesta terça-feira para reduzir o limite legal para o aborto de 15 semanas para seis, o que tornaria a Flórida um dos estados mais restritivos do país.

A Casa Branca criticou a iniciativa. "O projeto de lei proposto pela Flórida proibiria o aborto antes que muitas mulheres possam descobrir que estão grávidas, eliminando virtualmente o direito da mulher a tomar decisões sobre seu próprio corpo", declarou a porta-voz do governo, Karine Jean-Pierre, em comunicado.

- Apoio inabalável -

Como aconteceu em 2022, a expectativa é de que todas as propostas serão transformadas em lei. DeSantis tem o apoio inabalável do Congresso estadual, o que lhe permitiu transformar a Flórida em um laboratório para políticas conservadoras e uma grande plataforma para sua promoção política.

O governador de 44 anos tem uma grande influência no partido e seu poder foi reforçado após sua contundente reeleição em novembro, quando superou o democrata Charlie Crist com quase 60% dos votos.

As iniciativas de DeSantis sobre educação, ao lado de outras propostas como um projeto para permitir que os moradores da Flórida carreguem armas escondidas sem permissão ou treinamento, sem dúvida receberão os aplausos dos eleitores mais conservadores.

Também garantirão que prossiga com a ampla cobertura da imprensa que recebeu desde a pandemia de covid-19, quando sua oposição às políticas de saúde do presidente Joe Biden o transformaram em um dos republicanos mais populares.

"Desfiamos os especialistas. Desafiamos as elites. Ignoramos as fofocas. Fizemos as coisas da nossa maneira, a maneira da Flórida. E o resultado é que somos o destino número um para nossos compatriotas que buscam uma vida melhor", declarou DeSantis, ao lembras de suas políticas durante a pandemia.

- Um rival chamado Trump -

Trump nunca escondeu que considera DeSantis como seu maior rival na corrida presidencial. Horas antes do discurso do governador, o magnata publicou uma mensagem na rede social Truth Social atacando o rival, que ele chama de "DeSanctus", um trocadilho com a palavra "sanctimonious", usada para definir alguém ou algo que se acredita moralmente superior.

"A FLÓRIDA ESTEVE MUITO BEM DURANTE MUITOS ANOS, MUITO ANTES DE RON DESANCTUS CHEGAR AQUI. O SOL E O MAR SÃO COISAS MARAVILHOSAS", escreveu o ex-presidente.

DeSantis, que resiste a anunciar oficialmente a entrada na disputa presidencial, começou a viajar pelos Estados Unidos para apresentar seu segundo livro de memórias, lançado em 28 de fevereiro: "The Courage to Be Free: Florida's Blueprint for America's Revival" (A Coragem de Ser Livre: O Projeto da Flórida para o Renascimento dos Estados Unidos).

No domingo, durante um evento na Califórnia, ele defendeu as políticas aplicadas no que gosta de chamar de "estado livre da Flórida" diante das imposições que atribui aos democratas.

"Nós testemunhamos um grande êxodo americano de estados governados por políticos de esquerda, que impõem ideologias de esquerda e apresentam resultados ruins", afirmou DeSantis na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan em Simi Valley, a 70 km de Los Angeles.

Os últimos dados do censo americano mostram que centenas de milhares de habitantes abandonaram estados de maioria democrata, como Califórnia e Nova York.

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