Flamengo e Botafogo: 11 técnicos ficaram mais de um ano no comando dos rivais neste século; veja lista

A situação dos portugueses Vítor Pereira, no Flamengo, e Luís Castro, no Botafogo, definitivamente não é das melhores. Os resultados decepcionantes dos dois clubes neste começo de temporada geram críticas crescentes aos dois treinadores. Com tempos de trabalho bem diferentes, as duas torcidas apontaram o dedo de vez para o desempenho dos comandantes à beira do campo.

Mesmo tendo desembarcado no Ninho do Urubu no último mês de janeiro, o 2023 rubro-negro de fracasso absoluto está caindo nas costas de Pereira. Mundial de Clubes, Recopa Sul-Americana, Supercopa do Brasil e até a Taça Guanabara escorreram pelos dedos, e as escolhas do técnico durante os jogos são muito questionadas. O clube que teve oito treinadores nos últimos quatro anos parece estar chegando próximo de uma nova troca na área técnica.

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Ao contrário do compatriota, Castro foi anunciado no alvinegro em 25 de março de 2022. Portanto, ele completa um ano no comando daqui a exatas duas semanas. Mesmo com tanto tempo, a temporada começou com uma classificação sofrida na primeira fase da Copa do Brasil, contra o Sergipe, e uma eliminação do Campeonato Carioca ainda na fase de classificação. A paciência da torcida estourou em forma de pichações no muro de General Severiano, com protestos contra o treinador, e John Textor, dono do clube.

O retrospecto dos rivais neste século XXI mostra uma instabilidade no comando técnico, com poucos trabalhos que chegam a um longo prazo, reflexo do futebol brasileiro no geral. O Flamengo teve cinco nomes que conseguiram esse feito desde 2000, sendo que apenas um conseguiu permanecer do início ao fim de uma temporada: Vanderlei Luxemburgo. Do lado do Botafogo, há ligeira superioridade, com sete nomes alcançando a marca de 12 meses, e a possibilidade iminente de um oitavo. Dois deles, Cuca e Oswaldo de Oliveira, conseguiram ficar dois anos no comando. Ney Franco foi figurinha repetida para ambos.

Instabilidade é uma marca do Flamengo neste século

Um dos clubes que mais troca de treinador neste século, o Flamengo teve apenas cinco profissionais que ficaram mais de um ano consecutivo no comando. O primeiro remonta à virada do milênio: Mário Jorge Zagallo. O Velho Lobo teve sua última experiência como treinador na Gávea, entre outubro de 2000 e novembro de 2001, quando se aposentou da função. Após ter sucesso na tarefa de salvar o time do rebaixamento no Brasileirão, ganhou no ano seguinte a Copa dos Campeões, a Taça Guanabara e o Campeonato Carioca, eternizado pelo gol de falta de Petkovic contra o Vasco.

Contratado pelo ótimo trabalho no Ipatinga, Ney Franco ganhou projeção nacional no Fla, onde ficou de maio de 2006 até julho de 2007. Conquistou a Copa do Brasil logo nos primeiros mesmo. Detalhe é que venceu o torneio nacional após ser eliminado com o time mineiro pelo próprio rubro-negro na semifinal. Na temporada seguinte, ganhou a Taça Guanabara e o Cariocão, mas foi demitido quando o clube brigava contra a queda para a Série B.

Vanderlei Luxemburgo também teve uma passagem duradoura na Gávea, entre outubro de 2010 e fevereiro de 2012. Mais um contratado (com êxito) para salvar o Flamengo de um rebaixamento, comandou a boa temporada de 2011, contando com estrelas do nível de Ronaldinho Gaúcho, Thiago Neves e Deivid no elenco. Campeão carioca vencendo dois turnos naquele ano, e terminando em 4º lugar no Brasileiro, foi mandado embora no começo da temporada seguinte.

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Indo para maio de 2016, a saída de Muricy Ramalho deu uma oportunidade para o técnico do sub-20: Zé Ricardo. O interino conseguiu ser efetivado em julho e levou o rubro-negro a um voo inesperado, brigando pelo título brasileiro. Mesmo com o Palmeiras campeão e o Fla em terceiro, era o primeiro sinal que a reestruturação econômica do clube estava no caminho certo. Vencedor do Cariocão de 2017, Zé permaneceu no cargo até ser demitido em agosto.

A mais recente história de treinador longevo foi uma das mais vitoriosas das páginas rubro-negras. O português Jorge Jesus desembarcou no Ninho do Urubu em junho de 2019 e montou a base da segunda geração mais vencedora da história do clube. Naquele ano, foi campeão da Libertadores após 38 anos, e do Brasileirão, com o recorde de 90 pontos. Em 2020, levou Supercopa do Brasil, a Recopa Sul-Americana e o Carioca. Em meio à pandemia de Covid-19, a saída de Jesus para o Benfica, mesmo após uma renovação de contrato, encerrou uma história que muitos torcedores pedem um segundo capítulo até hoje.

Técnicos que sobreviveram mais de um ano no Flamengo neste século:

Zagallo: outubro de 2000 a novembro de 2001

Ney Franco: maio de 2006 a julho de 2007

Vanderlei Luxemburgo: outubro de 2010 a fevereiro de 2012

Zé Ricardo: julho de 2016 a agosto de 2017

Jorge Jesus: junho de 2019 a julho de 2020

Botafogo experimenta trabalhos mais longos, mas faltam resultados

Durante o século XXI, sete treinadores conseguiram ultrapassar a marca de um ano no comando em General Severiano. O primeiro foi Levir Culpi, contratado para a temporada de 2003, quando o Botafogo disputava a Série B. Cumpriu o objetivo principal de devolver o clube à elite, em um ano que o Palmeiras também tinha sido rebaixado e foi campeão da Segundona. Levir não resistiu aos maus resultados no início da Série A de 2004, e foi demitido em abril, sem ter conquistado nenhum título.

Situação parecida viveu Ricardo Gomes em 2015. Quatro anos após sofrer um AVC, quando dirigia o Vasco, voltou a aceitar um trabalho de treinador. Assumindo o time já no meio da Série B, em julho, carregando o alvinegro para o título e o novo acesso. Só que em agosto de 2016, aceitou proposta do São Paulo, e foi para o Morumbi. Seu lugar foi assumido imediatamente por Jair Ventura. Auxiliar permanente até aquela altura, o filho de Jairzinho teve sua primeira experiência como treinador principal.

Levou o alvinegro ao quinto lugar no Brasileirão, o que deu uma vaga na Libertadores seguinte. O ano de 2017 foi ainda melhor, com ele comandando uma campanha histórica, até as quartas de final da maior competição do continente. Além disso, chegou às semifinais da Copa do Brasil. Mas o torcedor botafoguense viveu uma situação repetida, quando Jair aceitou uma proposta do Santos e saiu ao fim da temporada.

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Retornando à década de 2000, Cuca e Ney Franco também conseguiram uma estadia prolongada no Botafogo. O primeiro teve passagem de dois anos, entre maio de 2006 e de 2008, protagonizando uma saída relâmpago nesse meio tempo. No final de 2007, pediu demissão após a eliminação para o River Plate, na Copa Sul-Americana. Cuca acabou voltando apenas três jogos depois, pois Mário Sérgio fez trabalho que não agradou. No geral, foi campeão da Taça Rio em 2007 e 2008, mas amargou dois vices para o Flamengo naquelas finais do Cariocão, e se demitiu de vez.

Ney Franco se tornou um ponto comum na história de alvinegros e rubro-negros. O treinador marcou presença em General Severiano entre julho de 2008 e agosto de 2009. Vencedor da Taça Guanabara no segundo ano, também terminou como vice carioca para o Flamengo. Os maus resultados naquele Brasileirão culminaram em sua saída.

Diferente dos antecessores, Joel Santana e Oswaldo de Oliveira venceram um pouco mais. O "Papai Joel" teve sua passagem mais duradoura no Botafogo entre janeiro de 2010 e março de 2011. Após os três vices consecutivos para o Flamengo, levou o time liderado pelo uruguaio Loco Abreu a vencer os dois turnos, com o título da Taça Rio em cima do algoz. Já Oswaldo igualou Cuca e também treinou o time por duas temporadas, entre o começo de 2012 e o fim de 2013. Seu segundo ano foi o mais produtivo, por ter vencido o Estadual e conseguido quarto lugar no Brasileirão, com direito ao holandês Clarence Seedorf no elenco. No final, foi outro que deixou o clube para treinar o Santos.

Técnicos que sobreviveram mais de um ano no Botafogo:

Levir Culpi: janeiro de 2003 a abril de 2004

Cuca: maio de 2006 a setembro de 2007; outubro de 2007 a maio de 2008

Ney Franco: julho de 2008 a agosto de 2009

Joel Santana: janeiro de 2010 a março de 2011

Oswaldo de Oliveira: janeiro de 2012 a dezembro de 2013

Ricardo Gomes: julho de 2015 a agosto de 2016

Jair Ventura: agosto de 2016 a dezembro de 2017

Luís Castro: desde março de 2022 (completa um ano no próximo dia 25)