Future Carbon e EY firmam parceria para oferecer soluções no mercado de carbono
A consultoria e auditoria EY acaba de fechar uma parceria com a empresa de soluções ligadas ao mercado de carbono Future Carbon Group para oferecer a seus clientes corporativos ferramentas e estratégias para atingir as metas de carbono neutro e carbono zero.
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— Existe um gap entre projetos e implantação de ações e identificamos isso como uma oportunidade de criar algo pioneiro e que atendesse às demandas crescentes deste mercado — explica ao Prática ESG Ricardo Assumpção, sócio líder de ESG para a América Latina Sul e Chief Sustainability Officer da EY Brasil.
Ele continua:
— Buscar uma empresa de credibilidade e especialista, como a Future Carbon, era fundamental para a estratégia de ganhar escala com a velocidade necessária.
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A decisão de procurar um parceiro estratégico e não montar uma área própria se baseou na velocidade com que a EY espera colocar os serviços no mercado. Ele explica que as equipes da EY e da Future Carbon estudaram durante dois meses os principais setores da economia para estruturar a oferta de soluções em linha com as demandas.
— Seremos parceiros da EY no esforço de oferecer aos clientes uma solução de ponta a ponta para seus desafios de descarbonização — destaca Marina Cançado, co-CEO da Future Carbon (FC).
A área de carbono era a que faltava para a EY, já que ela já oferecia, em sustentabilidade, serviços de estratégia, consultoria, impostos sustentáveis, inovação e asseguração.
— Além da FC oferecer as soluções para nossos clientes, a parceria destrava também a oferta de serviços da EY para clientes da FC — diz Assumpção.
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Ele conta que, neste primeiro momento, o foco é chegar em clientes de setores com grande exposição ao carbono, como uso da terra, energia, mineração, infraestrutura e energia.
— Mobilidade também é uma área que oferece oportunidades a serem exploradas. O trabalho não está restrito a grandes empresas, muito pelo contrário. Este é tema relacionado a cadeias de valor completas. Vamos buscar também uma abordagem setorial.
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A executiva explica que há três “blocos” de serviços que as empresas podem desenvolver em conjunto. Um deles está ligado a identificar oportunidades de geração de crédito de carbono dentro dos clientes da EY, como os do agronegócio, energia, saneamento básico, alimentos e empresas que, de alguma forma, participam da cadeia da floresta.
— Podemos ajudá-los a identificar oportunidades de geração de crédito de carbono, desenvolvendo com essas empresas um projeto de geração de créditos de carbono e até comercializando esses créditos no mercado via nossa divisão Carbondesk — diz Cançado.
Uma segunda frente é a da chamada por ela de “jornada climática”, ou seja, desenhar para as empresas uma estratégia de descarbonização para seguir sua ambição climática. Ela explica que isso envolve, por exemplo, organizar a governança para fazer mudanças para reduzir emissões e mapear a melhor estratégia de compensação para aquela empresa específica, por exemplo. A terceira via de atuação é ajudar empresas que queiram desenvolver seus projetos exclusivos de geração de créditos de carbono.
— Para identificar oportunidades de geração de créditos, a gente faz uma análise sem custos para o cliente e se ele quiser avançar, desenvolvemos o projeto e cada empresa [FC e EY] ficam com uma participação — explica Cançado sobre o potencial de geração de receita da parceria.
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Para projetos de de jornada de descarbonização, porém, por ser um trabalho mais de consultoria, a FC entra com expertise específica dentro das consultorias mais amplas da EY, diz ela. A ideia é oferecer os serviços para a América Latina e não apenas a clientes no Brasil.
Não há ainda uma estimativa de quanto a parceria entre as empresas pode gerar. Não há também, por ora, troca de participação acionária nas empresas.
— O jeito que a Future Carbon foi montada, com um ecossistema com diferentes unidades de negócio, é dar flexibilidade para eventualmente fazer uma troca de participação em alguma vertical específica do negócio; mas não é esse o caso da EY. É uma parceria para vendermos e desenvolvermos projetos em conjunto — esclarece Cançado.
Os serviços da EY hoje sobre carbono, diz Assumpção, inclui entender o impacto tributário e regulação vigente no Brasil e exterior, traçar estratégias de descarbonização e eficiência energética para setores de grande impacto de carbono, além do impacto do uso da terra e do agronegócio.
— Normalmente existem pontos cegos nas estratégias que poderiam alavancar a geração de crédito de carbono, é aí que entra a FC, com um leque de soluções que podem ser ‘plugadas’ nos projetos para identificar oportunidades que antes não eram visíveis — afirma o executivo.
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A Future Carbon está em fase de contratação de 40 pessoas em março. Parte dessas pessoas vai ficar na vertical de Solutions, que é a vertical de consultoria, sendo que 30 vão para áreas técnicas de floresta, energia, agro e novas frentes. Uma frente que a empresa está expandindo é a de projetos de carbono em saneamento.
— Já vamos ter aumento de 30 pessoas técnicas (dentre as 40 contratadas) no time para fazer frente ao crescimento de projetos que a gente pretende realizar esse ano, vindo alguns deles dessa parceria com a EY — aponta a executiva, que divide a direção da FC com Fabio Galindo.