Gloria Maria: a viagem que a apresentadora não conseguiu fazer
Jornalista faleceu após desenvolver metástase no cérebro decorrente de um câncer
Resumo da Notícia:
Gloria Maria morreu no Rio de Janeiro
A jornalista teve metástase no cérebro decorrente de um câncer
Ela sonhava em viajar ao espaço para ver a Lua de perto, mas não conseguiu
Gloria Maria morreu nesta quinta-feira (2), no Rio de Janeiro, por conta de uma metástase no cérebro, e infelizmente não realizou um dos seus maiores sonhos. Embora tenha conhecido mais de 160 países em seus mais de 40 anos de jornalismo, teve uma viagem que ela não conseguiu fazer.
Gloria fez um voo de gravidade zero em 2007 e sempre declarou que gostaria de ir à Lua, nosso satélite natural. Em 2019, durante uma edição do “Altas Horas”, ela brincou com a viagem e relembrou sua ida à Jamaica em 2016: “Já que até hoje eu não consegui ir até a Lua, pelo menos na Jamaica eu consegui ir a Marte”, afirmou.
A jornalista chegou a se inscrever em um programa da Agência Espacial dos Estados Unidos, a Nasa, para um voo tripulado até o satélite, mas as viagens ainda não começaram. O programa voltará a enviar humanos à Lua em 2024 com o apoio da SpaceX, empresa de Elon Musk para exploração espacial.
Relembre a carreira de Gloria Maria
Gloria era um das jornalistas mais importantes do Brasil e estreou na televisão em 1971 durante a cobertura de um dos maiores desastres da história do Rio de Janeiro: a queda de parte do elevado Paulo de Frontin. “Quem me ensinou tudo, a segurar o microfone, a falar, foi o Orlando Moreira, o primeiro repórter cinematográfico com quem trabalhei”, disse em depoimento ao Memória Globo.
Desde então a jornalista não parou mais e teve uma carreira meteórica por conta de sua espontaneidade em reportar os fatos da cidade. Sempre contratada da TV Globo, ela trabalhou como repórter nas redações do “Jornal Hoje”, “Bom Dia Rio” e “RJTV” no começo da trajetória.
Gloria foi a primeira repórter negra a entrar em um link ao vivo no “Jornal Nacional”. Também cobriu a posse do presidente Jimmy Carter, em 1977, e entrevistou presidentes militares durante a ditadura. O temido João Baptista Figueiredo foi um deles e entrou para o currículo da profissional.
“Foi quando ele [João Figueiredo] fez aquele discurso ‘eu prendo e arrebento’ – para defender a abertura (1979). Na hora, o filme acabou e não tínhamos conseguido gravar. Aí eu pedi: ‘Presidente, é a TV Globo, o ‘Jornal Nacional’, será que o senhor poderia repetir? Problema seu, não vou repetir’, disse Figueiredo a Gloria. Ela ainda lembra que ele mandava, com termos racistas, sua segurança impedir a aproximação da repórter.
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Passaporte carimbado
Uma das marcas da carreira de Gloria Maria são as viagens ao redor do mundo. Ela já preencheu mais de oito passaportes com carimbos de imigração dos países que passou e essa trajetória começou em 1986 quando integrou o time do “Fantástico”.
Além das viagens para exibir belezas do mundo e coisas excêntricas, ela também era requisitada para entrevistar artistas famosos como Michael Jackson, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio e Madonna. “Saí daqui e diziam que a Madonna era difícil. Foi antipaticíssima com a Marília Gabriela e debochou do seu inglês”.
Informada que teria quatro minutos com a artista, ela jogou com o improviso e ganhou a estrela. “Olha, Madonna, eu tenho quatro minutos, vou errar no inglês, estou assustada, acho que já perdi os quatro minutos”, afirmou e a artista respondeu: “Dê a ela o tempo que ela precisar.”
Além de cobrir viagens e celebridades, ela também teve momentos na história do mundo na sua história como: a guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998).
Gloria Maria Matta da Silva nasceu no Rio de Janeiro. Filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, estudou em colégios públicos onde obteve sua formação cultural: “Estudei inglês, francês, latim e vencia todos os concursos de redação da escola”. Em 1970, foi levada por uma amiga para ser rádio-escuta da Globo do Rio. Gloria também chegou a conciliar os estudos na faculdade de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) com o emprego de telefonista da Embratel. Na Globo, tornou-se repórter numa época em que os jornalistas ainda não apareciam no vídeo.