Governador diz que garimpo não é responsável por crise dos Yanomami

Gestor cobra auxílio federal para ajudar garimpeiros a deixar território

Governador de Roraima, Antonio Denarium (PP) defendeu que garimpo não é causa de crise sanitária dos Yanomamis e cobrou ajuda financeira do governo federal para auxiliar garimpeiros a deixarem o território indígena. (Photo by DOUGLAS MAGNO / AFP) (Photo by DOUGLAS MAGNO/AFP via Getty Images)
Governador de Roraima, Antonio Denarium (PP) defendeu que garimpo não é causa de crise sanitária dos Yanomamis e cobrou ajuda financeira do governo federal para auxiliar garimpeiros a deixarem o território indígena. (Photo by DOUGLAS MAGNO / AFP) (Photo by DOUGLAS MAGNO/AFP via Getty Images)
  • Governador de Roraima, Antonio Denarium (PP) defende que garimpo não é causador de crise entre os Yanomamis;

  • Gestor propõe que governo federal apoie financeiramente garimpeiros para que eles possam deixar território indígena;

  • Governador bolsonarista e pró-garimpo ainda defendeu aculturamento dos indígenas.

O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), afirmou que os garimpos ilegais instalados na Terra Indígena Yanomami não são responsáveis pela crise humanitária e de saúde vivida pelos indígenas. Em entrevista ao portal G1, o gestor ainda defendeu que os garimpeiros recebam algum auxilio financeiro do governo federal para sair do território.

Segundo Denarium, em outros regiões em que não há garimpo, os indígenas também sofrem com desnutrição. "Então não quer dizer que é o garimpo, que é o fator predominante", declarou.

O posicionamento contraria diversas autoridades locais e nacionais que apontam o garimpo ilegal como a maior causa para o atual caos sanitário vivido na reserva.

Pelo menos 20 mil invasores estariam atuando no garimpo ilegal dentro da terra indígena, aponta levantamento da Hutukara Associação Yanomami. O número é ameaça população indígena de quase 30 mil pessoas.

"Outra alternativa" para os garimpeiros

Na entrevista, Denarium, que é bolsonarista e pró-garimpo, defendeu que o governo federal deve buscar diálogo com os garimpeiros e oferecer uma alternativa de renda para que eles possam deixar o território.

"Os garimpeiros têm que arrumar outra outra alternativa de rendimento com apoio do governo federal, para que possa tirar eles das áreas que eles estão trabalhando. Ou seja, o governo do estado trabalha pelas pessoas não indígenas, e indígenas também", disse.

O gestor ainda apontou que todo o estado precisa de suporte e "não somente os Yanomami".

No primeiro mandato, Denarium sancionou duas leis que beneficiavam o garimpo, enquanto a situação dos indígenas se agravava na região. As matérias foram barradas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O governador também defendeu que as comunidades indígenas querem se aculturar, adaptando-se a forma de vida fora das aldeias.

"As comunidades indígenas, os povos indígenas, também têm o desejo de evoluir e ter o seu trator, ter o seu carro, ter parabólica, atendimento de saúde, eles querem também uma educação de boa qualidade. Aqui, em Roraima, nós temos indígenas que são médicos, advogados, professores".

Com estimativa de pelo menos 570 mortes de crianças Yanomamis nos últimos quatro anos, o ministério da Saúde decretou emergência de saúde pública no território indígena para combater a desassistência.