Governo francês decide adotar a reforma da Previdência sem o voto dos deputados
Foi numa sessão conturbada e histórica na Assembleia Nacional da França, nesta quinta-feira (16), que o governo anunciou a adoção do contestado projeto de reforma da Previdência. Impedida de falar pela oposição que cantava o hino nacional francês, e depois vaiada durante o seu discurso, a primeira-ministra, Élisabeth Borne, defendeu o texto fazendo uso de uma estratégia que dispensa o voto final do Parlamento, previsto para o fim da tarde. O anúncio foi acolhido com protesto da oposição e alguns políticos já pedem a demissão da chefe do governo.
Maria Paula Carvalho, da RFI
Depois de um Conselho de Ministros extraordinário convocado esta manhã e de muitas reuniões, a expectativa era grande sobre a votação do projeto de reforma da Previdência que tem, como ponto mais sensível, o aumento da idade mínima para a aposentadoria de 62 para 64 anos. O famoso artigo 7º já havia sido adotado, sem surpresas, na Comissão Conjunta Mista (CMP), na véspera, por sete deputados e sete senadores. O texto também havia sido aprovado na íntegra no Senado.
Porém, antes que o projeto fosse a votação novamente esta tarde na Assembleia, o governo decidiu fazer uso do chamado artigo 49.3 da Constituição, que permite que um texto seja adotado sem votação.
Poucos minutos antes, a sessão havia sido suspensa, quando os deputados da oposição impediram a primeira-ministra Élisabeth Borne de falar, cantando a Marselhesa, o hino francês, e exibindo cartazes contra a reforma. Alguns pediam a demissão de Borne.
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