Governo prevê salário mínimo de R$ 1.302 em 2023
Caso se concretize, esta será a quarta vez consecutiva que salário mínimo fica sem aumento real;
Candidatos de oposição afirmam ser capazes de valorizar o salário mínimo em seus mandatos;
Valor é apenas uma estimativa, mas mostra desejo do governo em não dar um aumento real do piso nacional.
O governo federal enviou para o Congresso Nacional, nesta quarta-feira (31), o Orçamento para o próximo ano. Nele, está previsto um aumento de 7,4% do salário mínimo, passando de R$ R$ 1.212 para R$ 1.302, ou seja, um aumento de R$ 90.
O valor ainda é provisório, sendo apenas uma estimativa. Pela lei, o reajuste do piso nacional não pode ser inferior à inflação acumulada do ano anterior. Isto quer dizer que, não só o governo trabalha com uma expectativa de inflação de 7,4%, mas também que a equipe de Jair Bolsonaro pretende apenas ajustar o salário mínimo do trabalhador brasileiro de acordo com a inflação.
Se isso se concretizar, conforme passar o ano, esta será a quarta vez que o governo federal não realiza um aumento real no salário base da nação, tendo isto acontecido pela última vez em 2019, quando o salário teve um aumento real de 1,14%. Desde então, os aumentos de 2020, 2021 e 2022 foram apenas para compensar a elevação inflacionária.
A tendência marca o fim da prática da Política de Valorização do Piso Salarial Nacional, posta em prática durante os governos de Lula e Dilma, que viram aumentos reais anualmente durante seus governos, chegando a grandes percentuais, como 13,04% em 2006, 8,23% em 2005, 7,59% em 2012 e 6,02% em 2010.
Os dois maiores candidatos de oposição ao governo, Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT), afirmam em suas promessas de campanha serem capazes de restabelecer a política de valorização salarial.
"Não dá pra admitir tantos anos sem um aumento real. O Brasil tem hoje o segundo pior salário-mínimo entre os 35 países membros da OCDE, perdendo só para o México", afirmou Ciro Gomes.
Já para o ex-presidente Lula, o restabelecimento do aumento real do piso nacional será capaz de recuperar "poder de compra de trabalhadores, trabalhadoras, e dos beneficiários e beneficiárias de políticas previdenciárias e assistenciais".