Greenpeace acusa França de importar urânio controlado pela Rússia para usinas nucleares

Getty Images/Picavet/Guy/Agence Images

A ONG Greenpeace publicou neste sábado (11) uma investigação em que denuncia a indústria nuclear francesa por depender da Rússia para importar urânio enriquecido. Desde o início da Guerra na Ucrânia, os países europeus têm tentando se livrar da dependência energética sobre produtos e serviços russos. O projeto energético apresentado pelo governo francês envolve o aumento da produção de energia nuclear, no entanto, a ONG demonstra que sua continuidade ampliaria os laços de dependência do país.

Em 2022, ano da invasão russa à Ucrânia, 43% do urânio natural importado na França veio do Cazaquistão e do Uzbequistão. Segundo a ONG, "quase todo o urânio natural do Cazaquistão, e uma parte considerável do urânio do Uzbequistão, passa pelas mãos da [companhia estatal russa de energia nuclear] Rosatom, que controla o transporte de todos os materiais nucleares em trânsito em solo russo" em trens até o porto de São Petersburgo, e depois por navio de carga para a França.

"Esse transporte só pode ser feito com uma licença da Rosatom", empresa que também está envolvida na produção de urânio no Cazaquistão, observa a Greenpeace.

Segundo o relatório de 99 páginas, não há atualmente rotas reais que pudessem garantir o transporte do urânio de suas fontes até a França sem passar pelo território russo.

A ONG destaca que em 2022 a França recebeu da Rússia "um terço do urânio enriquecido necessário para operar usinas nucleares francesas durante um ano".


Leia mais em RFI Brasil

Leia também:
Bombardeios russos deixam seis mortos na Ucrânia e aumentam risco de acidente nuclear em Zaporíjia
ONU reconhece autenticidade de vídeo que mostra soldado ucraniano executado por russos
França e Alemanha pedem contribuição de fornecedores de energia europeus para saída da crise