AFP
As manifestaçÔes contra a impopular reforma da PrevidĂȘncia do presidente Emmanuel Macron registraram, nesta terça-feira (7), uma mobilização menor na França, onde os sindicatos estĂŁo decididos a continuar a luta no sĂĄbado com novos protestos, alĂ©m de ameaças de "greves mais duras"."A mensagem desta noite serĂĄ um chamado para manifestaçÔes em massa no sĂĄbado", afirmou Laurent Berger, lĂder do principal sindicato, o reformista CFDT, para quem o governo cometeria uma "loucura democrĂĄtica" se nĂŁo ouvisse a rejeição da maioria.Cerca de 757 mil pessoas, segundo o MinistĂ©rio do Interior, e "quase dois milhĂ”es", de acordo com o CGT, foram Ă s ruas na França para aumentar a pressĂŁo sobre o Parlamento, que tem atĂ© março para se pronunciar sobre a reforma da PrevidĂȘncia em jogo.Esta terceira jornada de greves e manifestaçÔes, em plenas fĂ©rias escolares de inverno em vĂĄrias regiĂ”es, Ă© menor que a mobilização de 31 de janeiro (entre 1,27 milhĂŁo e 2,8 milhĂ”es de pessoas), a maior contra uma reforma social em trĂȘs dĂ©cadas.Dois em cada trĂȘs franceses, segundo as pesquisas, se opĂ”em ao adiamento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos atĂ© 2030 e ao aumento atĂ© 2027 de 42 para 43 anos de tempo de contribuição necessĂĄrio para receber uma aposentadoria completa, conforme proposto pelo governo.Apoiados nessa rejeição, os sindicatos lançaram uma ofensiva com greves e protestos pacĂficos que resultaram na maciça manifestação de 31 de janeiro.No entanto, apesar da forte rejeição, o governo mantĂ©m seu plano, que em sua opiniĂŁo busca evitar um dĂ©ficit de cerca de 14,6 bilhĂ”es de dĂłlares no fundo de aposentadoria atĂ© 2030 e se aproximar da realidade de outros paĂses europeus. Por enquanto, a relação de forças parlamentares o favorece. Na segunda-feira, no primeiro dia de debate no plenĂĄrio da Assembleia (CĂąmara baixa), 292 deputados votaram contra e 243 a favor de moção de esquerda que pedia a retirada do plano."A inatividade nĂŁo Ă© permitida", frisou o ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, que defende uma reforma "aberta a melhorias".- "Bloquear o paĂs" -A perspectiva de um endurecimento dos protestos se aproxima. "Se quisermos que o governo ceda, a Ășnica maneira Ă© bloquear o paĂs, o transporte, a energia, a juventude", disse Arnaud Rougier, um manifestante de 55 anos em Toulouse (sul).O ĂȘxito da mobilização estĂĄ nas manifestaçÔes. Nesta terça-feira, foram registrados alguns confrontos em Paris com a polĂcia, que prendeu 17 pessoas, segundo um balanço provisĂłrio da prefeitura.Apesar disso, as greves, que afetaram principalmente os setores de transporte, educação e energia, nĂŁo conseguiram paralisar a economia francesa. Nesta terça-feira, o serviço de trens e transportes pĂșblicos em Paris foi novamente interrompido, embora menos do que antes, e um voo em cada cinco foi cancelado no aeroporto parisiense de Orly. A CGT reivindicou uma queda de 4.500 MW na produção de energia, o equivalente a mais de quatro reatores nucleares, devido Ă s greves neste setor, alĂ©m de uma greve de 75% e 100% nas refinarias da Total Energies (56% de acordo com o endereço).Embora a reforma seja uma promessa eleitoral de Macron, analistas consideram que sua reeleição em 2022 foi motivada em grande parte pelo desejo dos eleitores de evitar a vitĂłria de sua rival no segundo turno, a candidata de extrema direita Marine Le Pen. Semanas depois, o partido no poder perdeu a maioria absoluta na Assembleia. Agora espera o apoio da oposição de direita Os Republicanos (LR) - favorĂĄvel Ă reforma, mas com algumas mudanças -, devido Ă rejeição das forças de Le Pen e da esquerda.O governo optou, no entanto, por um procedimento parlamentar que limita o tempo de debate nas duas cĂąmaras do Parlamento e permite aplicar o seu plano, caso nĂŁo se pronunciem atĂ© 26 de março.tjc/mar/fp/aa/am/mvv