HRW preocupada com as consequências da guerra para crianças órfãs ucranianas

A ONG Human Rights Watch (HRW) expressou preocupação com as consequências da guerra para crianças ucranianas órfãs, das quais "milhares" foram "transferidas à força" para a Rússia ou para territórios ocupados pela Rússia.

"A Rússia deve pôr fim a [essas] deportações", disse a ONG em um comunicado. "O retorno de crianças capturadas ilegalmente pelas forças russas deve ser uma prioridade internacional", acrescentou.

A HRW também exortou o governo ucraniano a reformar "urgentemente" o seu sistema de cuidados a estes menores, num país onde antes da invasão russa havia mais de 105 mil crianças em orfanatos, ou seja, "o número mais alto na Europa, depois da Rússia".

"Milhares de crianças ucranianas" separadas de suas famílias foram levadas para a Rússia ou para territórios ocupados por forças russas na Ucrânia, com base em declarações de autoridades russas, de ativistas e de advogados ucranianos. Para a HRW, a medida é "um crime de guerra".

O Parlamento russo alterou a legislação para conceder nacionalidade russa a crianças ucranianas e, de acordo com autoridades da Rússia, "centenas de crianças ucranianas foram adotadas", apesar dos padrões internacionais que proíbem adoções internacionais durante conflitos armados, disse a Human Rights Watch.

Na Ucrânia, por causa do conflito, "dezenas de orfanatos ucranianos foram afetados ou destruídos", disse a ONG.

"A guerra fez com que muitas crianças colocadas em escolas tivessem que se abrigar em porões durante o bombardeio, sem eletricidade ou água, por semanas", disse HRW em um relatório publicado nesta segunda-feira (13).

Nestas condições, a HRW pede ao governo ucraniano que aplique, com "urgência", as "reformas prometidas ao seu sistema institucional de acolhimento das crianças" órfãs e colocadas em outras famílias.

A HRW também pede aos aliados ocidentais da Ucrânia, principais doadores para o financiamento de serviços sociais, "que apoiem esses objetivos" e adotem "uma estratégia coordenada para garantir o bem-estar das crianças", principalmente criando um grupo de trabalho com a ONU dedicado a isso.

O financiamento e as doações devem servir para "apoiar o retorno das crianças aos pais ou à família, e não enviá-las para orfanatos", enfatizou a HRW em suas recomendações.

Desde 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia iniciou sua invasão, "mais de 4.500" jovens ucranianos que foram colocados em orfanatos ou famílias adotivas "foram deslocados para o exterior", segundo a ONG.

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