Indonésia avança no projeto de construção de nova capital

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - A Indonésia, quarto país mais populoso do mundo, anunciou um pacote de incentivos para a construção da nova capital do país, prevista para substituir Jacarta em 2024. Nusantara, antigo termo javanês para "arquipélago", será construída do zero na região leste da ilha de Borneo.

A nova capital é o principal projeto do presidente Joko Widodo. Com um custo estimado em US$ 32 bilhões, Nusantara terá cerca de 2.600 km², quase o dobro da cidade de Nova York, como anunciado nesta quarta (8).

A promessa é que seja uma espécie de "cidade florestal sustentável" e inteligente, segundo oficiais do governo, com emissão zero de carbono até 2045.

Apenas 20% do custo das obras da capital serão financiados pelo Estado. O restante precisará do apoio do setor privado. Nesta semana, Widodo anunciou um pacote de investimentos para tornar a mudança à zona financeira de Nusantara mais atrativa.

O conjunto abrange uma política de isenção fiscal de 10 a 30 anos para empresas que investirem pelo menos 10 bilhões de rupias (equivalente a pouco mais de R$ 3 milhões) na construção da cidade, cortes de impostos para corporações que se instalem em sua zona financeira e concessão de terras por 95 anos, prorrogáveis pelo mesmo período.

Embora nenhum acordo ainda tenha sido assinado, houve mais de uma centena de cartas de interesse de empresas nacionais e estrangeiras, incluindo da Malásia, China e Estados Unidos.

Mais de 7.000 trabalhadores atualmente trabalham na futura capital com a construção de um novo palácio presidencial. O progresso no local chegou a apenas 8%, segundo o vice-gerente do projeto de construção do edifício, Budi Kurniawan.

De acordo com Vallin Tsarina, chefe do setor de planejamento urbano, espera-se que o palácio, um gabinete presidencial, uma praça e quatro edifícios ministeriais estejam prontos até agosto de 2024, quando a Indonésia comemora 79 anos de independência.

No entanto, investidores estão preocupados com a continuidade do projeto bilionário, já que o segundo e último mandato do atual presidente Widodo termina em 2024. A repórteres locais, o chefe da autoridade de Nusantara, Bambang Susantono, disse que uma lei respalda a finalização do projeto.

A decisão de mudar a capital para o coração da selva de Borneo se deve ao fato de que a superlotada e poluída Jacarta, localizada na ilha de Java, está afundando rapidamente. Previsões indicam que, em 2050, um terço da cidade poderá estar submersa. A capital, com cerca de 10 milhões de habitantes, ainda é propensa a severos terremotos.

Ambientalistas, no entanto, criticam o projeto. Segundo um relatório da Forest Watch Indonesia, organização não governamental que monitora a questão ambiental do país, "florestas produtivas" compõem a maioria da área em que será construída a nova capital, o que significa que licenças poderiam ser concedidas para atividades extrativas que levariam a mais desmatamento.

A região, lar de orangotangos, leopardos e diversos outros animais selvagens, também é ocupada por indígenas da etnia Balik. Pelo menos cinco aldeias com mais de cem indígenas estão sendo realocadas por causa da construção, e há a expectativa de que mais comunidades percam seus territórios com a expansão das obras.