Inquérito contra Bolsonaro por relacionar vacinas a Aids é prorrogado por Moraes
Pedido de prorrogação foi feito pela Polícia Federal
Órgão diz que há indícios de dois crimes cometidos pelo presidente Bolsonaro
Inquérito também analisa declaração falsa sobre máscaras na mesma ocasião
O inquérito que investiga o presidente Jair Bolsonaro (PL) por relacionar a vacina contra a covid-19 à Aids foi prorrogado por mais 60 dias pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após pedido da Polícia Federal (PF).
Em relatório, encaminhado ao STF, a PF afirma que, no dia 21 de outubro de 2021, durante uma transmissão ao vivo pelas redes sociais, o presidente e um auxiliar teriam propagado informações falsas sobre a vacina e uma relação inexistente com a infecção pelo vírus HIV, causador da Aids.
Na mesma ocasião, o chefe do Executivo também disse que o uso de máscaras levou a mortes pela gripe espanhola, o que não é verdade.
No texto enviado a Moraes, os investigadores afirmaram que “o presidente Jair Bolsonaro (…) teria supostamente disseminado desinformações na pandemia (fake News), ao afirmar que ‘relatórios do governo do Reino Unido mostram que pessoas totalmente vacinadas contra a Covid-19 estariam desenvolvendo Aids muito mais rápido que o previsto’”.
Lindôra Maria Araujo, vice-procuradorora-Geral, apoiou a prorrogação da investigação.
“Cumpre destacar que as diligências supradescritas são relevantes para subsidiar a análise e deliberação pela Procuradoria-Geral da República, visto que proporcionarão melhor detalhamento sobre o cenário fático e suas circunstâncias, notadamente com as razões e eventuais novos elementos de prova a serem apresentados pelo Presidente da República a respeito dos fatos investigados”, escreveu.
No vídeo pelo qual é investigado, Bolsonaro estava acompanhado do tenente-coronel Mauro Cid. Segundo a PF, o militar “de forma livre, voluntária e consciente, acrescentou dados e informações inverídicas ao conteúdo das publicações utilizadas como fontes para a produção do material da live presidencial”.
Já Bolsonaro, “de forma livre, voluntaria e consciente, propagou as informações inverídicas produzidas por Mauro Cid, disseminando discurso capaz de provocar alarma aos seus expectadores, além de promover o desestímulo ao uso obrigatório de máscaras”, afirma o relatório.
A PF afirma que entre os prováveis crimes cometidos está “provocar alarma, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto” e “incitar, publicamente, a prática de crime” ao desencorajar seu público a usar a máscara, que era de uso obrigatório na ocasião. A prisão pelos crimes pode chegar a seis meses.