IPCA de fevereiro: inflação sobe 0,84%, pressionada pelas mensalidades escolares
Puxado pelos reajustes nas mensalidades escolares, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,84% em fevereiro. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira.
Em fevereiro de 2022, a variação foi de 1,01%. O resultado mostra uma aceleração em relação a janeiro, quando o IPCA avançou 0,53%, ainda refletindo a pressão dos preços.
O grupo Educação foi o destaque de pressão no índice de fevereiro, sendo responsável pelo maior impacto (0,35 p.p.) e com a maior variação (6,28%). É a taxa mais alta desde fevereiro de 2004, quando teve variação de 6,70%.
Em seguida, vieram Saúde e Cuidados Pessoais (1,26%) e Habitação (0,82%), que aceleraram em relação a janeiro, contribuindo com 0,16 p.p. e 0,13 p.p, respectivamente.
O mês de fevereiro costuma concentrar os aumentos nos preços das mensalidades escolares. Essas elevações incidem com mais fôlego neste período pós-pandemia. Isso porque, durante a crise sanitária, instituições de ensino congelaram reajustes.
Os cursos regulares subiram 7,58%, puxados pelas altas de ensino médio (10,28%), ensino fundamental (10,06%), pré-escola (9,58%) e creche (7,20%). O subitem ensino fundamental foi o maior impacto individual no índice do mês, com 0,15 p.p. Também se destacaram as altas do ensino superior (5,22%), dos cursos técnicos (4,11%) e de pós-graduação (3,44%).
Por outro lado, Transportes (0,37%) e Alimentação e bebidas (0,16%) tiveram variações inferiores às do mês anterior. Os demais grupos ficaram entre o 0,11% de Artigos de residência e o 0,98% de Comunicação.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, somente Vestuário apresentou variação negativa (-0,24%). As quedas das roupas masculinas (-0,58%) e femininas (-0,45%) impulsionaram o resultado.
Em Transportes (0,37%), a maior contribuição (0,05 p.p.) veio da gasolina (1,16%), que foi o único combustível com alta em fevereiro. Etanol (-1,03%), gás veicular (-2,41%) e óleo diesel (-3,25%) tiveram quedas superiores a 1%. Os preços das passagens aéreas, que recuaram 9,38%, contribuíram para a desaceleração do grupo na comparação com o mês de janeiro (0,55%).
O resultado do grupo Alimentação e bebidas, por sua vez, sofreu influência da desaceleração da alimentação no domicílio, que passou de 0,60% em janeiro para 0,04% em fevereiro.
Houve queda mais intensa nos preços das carnes (-1,22%) e foram registrados recuos nos preços da batata-inglesa (-11,57%) e do tomate (-9,81%), que haviam tido altas no mês anterior (14,14% e 3,89%, respectivamente).
Já os preços do leite longa vida voltaram a subir após seis meses seguidos de quedas.
O resultado segue acima do teto da meta de inflação estabelecida para o ano de 2023. Atualmente, a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,25%, com um limite de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Ou seja, o teto da meta de inflação é de 4,75%.
Segundo o último boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo BC , a mediana das projeções do mercado para a inflação ao final de 2023 se manteve em 5,90% após 11 semanas seguidas de alta.
Para 2024, a expectativa permaneceu em 4,02% e, para 2025, em 3,80%.