Discurso de Bolsonaro na ONU: presidente diz que Pantanal e Amazônia são 'alvo de fake news' por 'interesses escusos'
Como manda a tradição, o presidente do Brasil abriu a Assembleia Geral da ONU que, devido à pandemia do novo coronavírus, ocorre virtualmente pela primeira vez em 75 anos. Em discurso de defesa a sua própria gestão, Jair Bolsonaro lamentou as mortes pela Covid-19 e repetiu que os responsáveis pelo combate ao vírus no país foram os 27 governadores.
“Em primeiro lugar, quero lamentar cada morte ocorrida. Desde o principio alertei em meu pais que tínhamos dois problemas para resolver: o vírus e o desemprego. Por decisão judicial, todas as medidas de isolamento e restrição de liberdade foram delegadas aos governadores das unidades da federação", afirmou.
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Bolsonaro diz que Amazônia "é úmida e não permite propagação do fogo", em discurso na ONU
Bolsonaro disse que seu governo é vítima de uma das mais ferozes campanha de desinformação sobre o desmatamento na Amazônia e no Pantanal. O presidente chamou o agronegócio de “pujante” e ressaltou o papel do Brasil na produção de alimentos em escala global.
“No Brasil, apesar da crise mundial, a produção rural não parou. O homem do campo trabalhou como nunca, produziu como sempre. O Brasil contribuiu para que o mundo continuasse alimentado".
O presidente voltou a dizer que as florestas brasileiras são úmidas e que não permitem incêndio em seus interiores, fato desmentido por órgãos de seu próprio governo como o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Sem evidências, Bolsonaro atribuiu ao “caboclo e o índio” pela origem de parte das chamas.
"Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da Floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas."
Bolsonaro também ressaltou a grande extensão dos nossos biomas para justificar a dificuldade na preservação do meio ambiente.
“Lembro que a região amazônica é maior que toda a Europa oriental, por isso, é difícil combater os focos de incêndio e a biopirataria. O nosso pantanal, área maior que muitos países europeus, assim como a Califórnia, sofre com os mesmos problemas", lamentou.
Ataque à Venezuela e combate à “Cristofobia”
Depois de realizar a defesa de sua gestão na área ambiental, Bolsonaro atacou a Venezuela acusando o país de ter provocado derramamento de óleo que atingiu o Brasil no ano passado.
“Em 2019, o Brasil foi vítima de um criminoso derramamento de óleo venezuelano", apontou Bolsonaro, que alegou estar trabalhando para abrir vizinhos “deslocados por causa da ditadura bolivariana".
O presidente fez um apelo pela “liberdade religiosa” e pediu combate à “Cristofobia". Ressaltou também que o país, segundo ele, está preocupado com o terrorismo em todo o mundo.
Na sequência, Trump ataca China
Os discursos de mais de centenas de países membros da organização estão programados para os próximos oito dias.
Na sequência de Bolsonaro, o presidentes Donald Trump (Estados Unidos) pediu punições à China pela pandemia do novo coronavírus e voltou a criticar a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Nas próximas semanas, a ONU organizará várias reuniões temáticas virtuais sobre a Covid-19, a luta contra a mudança climática, o Líbano, Líbia, a biodiversidade, entre outros temas.