Nos EUA, Bolsonaro mantém tom golpista e diz que governo Lula 'não vai durar muito'

Bolsonaro afirmou que o governo Lula (PT) "não vai durar muito tempo" e disse que houve injustiça nos processos dos ataques em Brasília em 8/1

Ex-presidente Jair Bolsonaro durante discurso em Orlando, nos EUA - Foto: Paul Hennessy/Anadolu Agency via Getty Images
Ex-presidente Jair Bolsonaro durante discurso em Orlando, nos EUA - Foto: Paul Hennessy/Anadolu Agency via Getty Images

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), manteve o tom golpista em seu primeiro discurso, nesta terça-feira (31) em um evento público nos Estados Unidos (EUA), onde permanece desde que deixou o Brasil no final de dezembro de 2022.

Na ocasião, Bolsonaro afirmou que o novo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "não vai durar muito tempo" e disse que houve injustiça nos processos dos ataques em Brasília em 8 de janeiro e afirmou que permanecerá nos EUA por mais tempo.

O ex-mandatário discursou em um centro de eventos em Orlando, em evento organizado pelo grupo Yes Brazil USA. Os ingressos foram vendidos por valores entre US$ 10 (entrada comum) e US$ 50 (entrada VIP).

"Pode ter certeza, em pouco tempo teremos notícias. Por si só, se esse governo [Lula] continuar na linha que demonstrou nesses primeiros 30 dias, não vai durar muito tempo", disse Bolsonaro, sem deixar claro se estava se referindo a um eventual processo de impeachment, por exemplo.

O ex-presidente é alvo de diferentes ações que pedem a sua inegibilidade por abuso de poder nas eleições e também está mira de apurações sobre os ataques de 8 de janeiro como tendo sido o seu principal incentivador por causa de suas inúmeras declarações golpistas.

Bolsonaro chegou a criticar os autores dos ataques às sedes dos três Poderes em Brasília, mas afirmou que houve injustiças.

"A gente lamenta o que alguns inconsequentes fizeram no 8 de janeiro. Aquilo não é a nossa direita. Não é o nosso povo", disse, antes de fazer a ressalva.

"[Tem] muita gente sendo injustiçada lá. Aquilo não é terrorismo pela nossa legislação. Tem gente que tem que sim ser individualizada, invasão, depredação, e cada um que pague por aquilo que fez", disse Bolsonaro.

Ele não falou abertamente que acredita em fraude na eleição, como já fez inúmeras vezes, mas disse ter dúvidas do resultado de outubro passado, novamente sem apresentar provas ou qualquer indício a respeito.

"Eu nunca fui tão popular [como] no ano passado. Muito superior a 2018. No final das contas, a gente fica com uma interrogação na cabeça", disse sobre a derrota para Lula por margem de 2,1 milhões de votos.

Nos EUA desde o ano passado, ele afirmou nesta terça que vai ficar mais tempo no país.

"Estou há 30 dias aqui, pretendo ficar por mais algum tempo. Não tenho certeza quanto tempo ainda. Estou com muita saudade do meu país", disse o ex-presidente.

Bolsonaro viajou para os EUA em 30 de dezembro de 2022, um dia antes de deixar a Presidência, e, rompendo uma tradição democrática, não passou a faixa presidencial para seu sucessor, o presidente Lula.