Bolsonaro já disse nunca ter gastado “um centavo” com cartão corporativo
Declaração contraria revelação de gastos superiores a R$ 27,6 milhões
(REUTERS/Carla Carniel)
Bolsonaro disse, no passado, nunca ter feito uso de um de seus cartões corporativos;
Informação contradiz os gastos de R$ 27,6 milhões, revelados hoje;
Entre as despesas, está R$ 8 mil em sorvetes e R$ 3 mil em lanches do McDonalds.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em ocasiões passadas, nunca ter feito uso de um de seus três cartões corporativos. A declaração contradiz os dados revelados nesta quinta-feira (12), que apontam gastos de ao menos R$ 27,6 milhões.
Em 2022, o então presidente se defendia de uma reportagem que mostrava que a quantia usada com os cartões na gestão dele era superior às dos mandatários anteriores, Michel Temer (MDB) e Dilma Rousseff (PT). Esta, no entanto, não foi a primeira vez que ele disse nunca ter "usado um centavo".
"O meu cartão, que eu posso sacar até R$ 25 mil por mês e tomar em tubaína com coca-cola, nunca tirei um centavo", afirmou em 31 de janeiro do ano passado, durante agenda oficial em Itaboraí (RJ).
O cartão corporativo do governo federal é regulamentado por um decreto de 2005, que permite sua utilização para "pagamento das despesas realizadas com compra de material e prestação de serviços”. Não é ilegal usá-lo para comprar comida, por exemplo, mas é necessário respeito e cautela.
Dois anos atrás, Bolsonaro admitiu ter três cartões: um de uso pessoal e dois para o custeio de despesas diversas – como “comprar comida para 50 emas”. Os animais ficam no Palácio da Alvorada - residência oficial do presidente da República - e foram citadas como justificativa para o alto gasto no cartão.
"Tem umas 50 emas aqui. Você quer que eu pague do meu salário a ração para elas? Vai no cartão corporativo. [Também] tem um lago lá embaixo com uns peixes", disse.
Bolsonaro gastou com doces e hotéis
Conforme revelado pela agência Fiquem Sabendo, por meio de pedido à Lei de Acesso à Informação (LAI), Bolsonaro desembolsou ao longo dos quatro anos de mandato ao menos R$ 27,6 milhões.
Na planilha obtida pela agência, não está detalhado qual cartão foi usado, mas dentre as despesas estão:
R$ 13,7 milhões em hotéis, sendo:
R$ 1,46 milhão apenas no Ferraretto Hotel, no Guarujá (SP);
R$ 10,2 milhões em alimentação, sendo:
R$ 8,6 mil em sorveterias
Cerca de R$ 408 mil em peixarias
R$ 581 mil em padarias
R$ 109 mil no modesto restaurante Sabor da Casa, que oferece marmitas a partir de R$ 17