Jokic, Giannis, Doncic e Wenbanyama: ascensão europeia eleva nível do Mundial de Basquete para o Brasil; sorteio é em abril

Há pouco menos de quatro anos, o Brasil fazia um dos jogos mais emocionantes do Mundial de Basquete da China ao bater a Grécia de Giannis Antetokounmpo, então MVP (melhor jogador) da NBA, e garantir a classificação à segunda fase da competição. A competitividade que aquela geração de jogadores teve para derrubar os gregos precisará ser multiplicada para a nova edição da competição, em abril, para qual a seleção se classificou neste domingo: de lá para cá, o basquete e as estrelas da Europa — Giannis incluído — dispararam em crescimento e devem tornar a competição ainda mais complicada.

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Ontem, foram disputados os últimos jogos de eliminatórias. A Sérvia ficou com a 32ª e última vaga, se juntando a Angola, Austrália, Brasil, Canadá, Cabo Verde, China, Costa do Marfim, República Dominicana, Egito, Finlândia, França, Geórgia, Alemanha, Grécia, Irã, Itália, Japão, Jordânia, Letônia, Líbano, Lituânia, México, Montenegro, Nova Zelândia, Filipinas, Porto Rico, Eslovênia, Sudão do Sul, Espanha, Estados Unidos e Venezuela.

Desde aquela época, o craque grego — autor de 13 pontos naquele jogo contra a seleção — foi eleito MVP da NBA mais uma vez, campeão da liga pelo Milwaukee Bucks sendo MVP das finais e se notabilizou ainda mais como uma das grandes estrelas do basquete mundial. Paralelamente, o pivô sérvio Nikola Jokic, do Denver Nuggets, crescia como um dos nomes mais eficientes que já passaram por sua posição na NBA moderna: abocanhou os dois prêmios seguintes de MVP e ajuda a construir uma hegemonia de quatro anos sem que um americano seja escolhido como melhor jogador da liga. Tem tudo para levar o terceiro prêmio ao fim da atual temporada.

A Grécia já tinha carimbado sua passagem para o Mundial, enquanto a Sérvia de Jokic passou sufoco, mas garantiu a sua nesta segunda-feira, ao bater o Reino Unido por 101 a 83 (sem o craque, em meio à disputa da NBA). Mas essas passam longe de serem as únicas pedreiras da competição que será disputada em Filipinas, Indonésia e Japão, entre os dias 25 de agosto e 10 de setembro.

Organização tenta atrair grandes estrelas dos EUA e da Europa

A Eslovênia do fenômeno da NBA Luka Doncic, craque do Dallas Mavericks e atual dono da melhor média de pontos por jogo da liga (33,1), está confirmada. Assim como a França de Rudy Gobert e da joia de 2,19m Victor Wembanyama, provável primeira escolha do próximo draft da NBA. Atual campeã do Mundial e do Eurobasket (sobre os próprios franceses), a Espanha também volta com a força de Willy Hernángomez (MVP da competição europeia). Além, é claro, dos Estados Unidos, carrascos do Brasil na segunda fase do último Mundial e uma incógnita em relação à força do time que enviarão à competição — em 2019, apostaram num terceiro escalão da NBA e amargaram uma eliminação nas quartas para os franceses.

A participação de todas essas estrelas não está garantida, é claro. Mas todos (com exceção de Wembanyama) disputaram o Eurobasket, principal torneio continental de seleções europeias, em setembro do ano passado, entre outras estrelas da NBA. Giannis terminou a competição na liderança na média de pontos por jogo (29,3). Doncic (4º, 26 pontos por jogo), Jokic (6º, 21,7) e Hernángomez (10º, 17,2) também figuraram no top 10 no quesito.

A organização promete novas medidas para facilitar a vida dos atletas e atrair mais estrelas para a competição. Em dezembro do ano passado, Andreas Zagklis, secretário-geral da Fiba, prometeu quartos individuais para todos os times e uma redução ao mínimo possível nas viagens, mesmo com três sedes, permitindo um dia a mais de descanso. Ele não esconde o foco nos atletas da NBA.

"Nas nossas discussões com a NBA, o elenco da seleção americana é uma prioridade, como ele pode ser o melhor possível. Precisamos de de dois elencos incríveis para o ciclo de quatro anos, um na Olimpíada e outro no Mundial, é algo que aumenta a popularidade do esporte. Em relação aos atletas não americanos, fico feliz em dizer que eles mostram muito comprometimento às seleções. Tentamos constantemente melhorar as condições para eles, para que quando estiverem com os colegas de time se sintam ótimos e vivendo uma experiência cultural excelente", afirmou, em entrevista coletiva.

Sorteio

O sorteio dos grupos do Mundial acontece no dia 29 de abril, nas Filipinas. A Fiba deve divulgar nos próximos dias mais detalhes sobre o processo, como potes e regras. Como o Brasil se classificou como quarto colocado nas Américas, a tendência é que tenha um caminho mais complicado em questão de potes. Veja o que já se sabe:

O Mundial segue com o mesmo formato: duas fases de grupos, a primeira com oito grupos de quatro times e a segunda com quatro grupos de quatro times. Oito times avançam ao mata-mata.

Os melhores times (número a ser definido) no ranking da Fiba serão colocados no pote 1. O Brasil é o 13º, e o top 10 tem, nesta ordem: Espanha, Estados Unidos, Austrália, Argentina (fora do Mundial), França, Sérvia, Eslovênia, Lituânia, Grécia e Itália.

Por questões definidas pela organização, os países-sede escolheram seleções que obrigatoriamente atuarão neles na primeira fase: os Estados Unidos jogam nas Filipinas, a Eslovênia joga no Japão e o Canadá, na Indonésia. Isso deve influenciar o formato do sorteio.