Justiça da Belarus condena líder opositora exilada a 15 anos de prisão

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um tribunal na Belarus condenou à revelia a líder opositora exilada Svetlana Tikhanovskaia a 15 anos de prisão, de acordo com publicação nesta segunda-feira (6) da agência estatal de notícias Belta.

Tikhanovskaia (pronuncia-se Tikanôfskaia), 40, fugiu para a Lituânia depois de concorrer à Presidência em 2020 contra o ditador Aleksandr Lukachenko, reeleito em um pleito marcado por acusações de fraude, o que gerou uma onda de protestos. Mãe de dois filhos e sem experiência política, ela entrou na disputa após seu marido, Serguei Tikhanovski, então candidato, ser preso pelo regime belarusso.

No poder desde 1994, Lukachenko, apelidado de "o último ditador da Europa" e um forte aliado de Vladimir Putin, já havia sufocado a candidatura de dois outros opositores: prendeu também o ex-banqueiro Viktor Babariko e provocou a fuga do ex-embaixador da Belarus nos Estados Unidos, Valeri Tsepkalo.

A opositora, cujos apoiadores classificam as denúncias contra ela, de "conspiração para tomar o poder de forma inconstitucional", de farsa, foi a julgamento em janeiro à revelia, ou seja, sem que estivesse presente para acompanhar o processo. Outro opositor, Pavel Latushko, foi condenado na mesma ação, mas a 18 anos de prisão, ainda segundo a Belta e a organização de defesa dos direitos humanos Viasna.

"Hoje não penso na minha sentença. Penso nos milhares de inocentes, detidos e condenados a penas de prisão de verdade", postou Tikhanovskaia no Twitter. "Não vou parar até que cada um deles seja liberado."

Na última sexta, a Justiça da Belarus também condenou o ativista Ales Bialiatski, em outro processo que grupos de direitos humanos afirmam ter claras motivações políticas. Bialiatski, cuja sentença é de dez anos de prisão, foi um dos ganhadores do Nobel da Paz de 2022, dividindo a láurea com uma ONG russa e outra ucraniana —as escolhas foram vistas como uma resposta do comitê norueguês à Guerra da Ucrânia e ao avanço do autoritarismo na órbita da Rússia, de quem a ditadura belarussa é forte aliada.

Bialiatski é um dos mais renomados defensores de direitos humanos no país, responsável por fundar a Viasna, ONG que presta apoio a pessoas que participam de atos contra o regime e a familiares de presos políticos. Ele está detido desde julho de 2021, depois da onda de protestos que sucedeu a reeleição de Lukachenko, e integrava uma espécie de conselho de transição que buscava promover a transferência de poder e foi acusado de contrabando de dinheiro e de financiar "atividades que violam a ordem pública".

Além dele, outros dois ativistas do Viasna, Valentin Stefanovitch e Vladimir Labkovitch, também foram condenados nesta sexta-feira, com penas de nove e sete anos de cadeia, respectivamente.