Justiça israelense rejeita petições de palestinos ameaçados de expulsão na Cisjordânia
Diversas ONGs israelenses criticaram, nesta quinta-feira (5), a rejeição, por parte da Suprema Corte de Israel, de petições de palestinos ameaçados de expulsão em uma área desértica da Cisjordânia ocupada, considerada pelo exército israelense como área de treinamento.
Ontem, a mais alta instância judicial de Israel deu razão ao exército ao estabelecer que a região de Massafer Yatta, onde existem 12 localidades palestinas no deserto de Judeia, no extremo sul da Cisjordânia, é um campo de tiro desde 1980.
Assim, esta decisão abre caminho para a possível expulsão dos moradores.
"Após mais de 20 anos de procedimentos judiciais, a Suprema Corte de Justiça de Israel decidiu ontem [4 de maio] que é legal a transferência forçada de centenas de palestinos de suas casas e a destruição de suas comunidades, com o objetivo manifesto de apoderar-se de suas terras", assinalou a ONG anticolonização israelense B'Tselem em comunicado.
"A Suprema Corte autorizou oficialmente deixar as famílias, com suas crianças e idosos, sem um teto", declarou a Associação para os Direitos Civis em Israel (ACRI, na sigla em inglês).
Nos anos 1980, o exército declarou que os 3.000 hectares do local seriam transformados no "campo de tiro 918" para seus soldados, argumentando que o setor não estava habitado de maneira permanente.
Os moradores, cerca de mil palestinos distribuídos em 12 localidades isoladas que se tornaram progressivamente sedentárias, afirmam que estão no local desde o século XIX, ou seja, muito antes de o exército israelense ocupar a Cisjordânia a partir de 1967.
Em princípio, os moradores foram expulsos da região em 1999, mas foram autorizados a retornar à espera da decisão da Suprema Corte, que foi consultada por uma organização israelense de defesa dos direitos humanos.
Uma análise de fotografias aéreas da região dá razão ao exército, declarou o juiz David Mintz.
O magistrado considerou que "os peticionários não puderam provar" que viviam de maneira permanente na região antes que ela fosse declarada como campo de tiro.
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