Líder opositora de Belarus é condenada a 15 anos de prisão
Um tribunal de Belarus condenou a 15 anos de prisão, em um julgamento à revelia, a principal líder da oposição, Svetlana Tikhanovskaya, que está exilada na Lituânia devido à repressão exercida pelo regime de Alexander Lukashenko.
De acordo com a agência estatal de notícias Belta e a organização de defesa dos direitos humanos Viasna, outro opositor, Pavel Latushko, foi condenado a 18 anos de prisão no mesmo processo. E três pessoas foram condenadas a 12 anos de prisão.
Tikhanovskaya reagiu rapidamente no Twitter.
"Hoje não penso na minha própria sentença. Penso nos milhares de inocentes, de detentos condenados a verdadeiras penas de prisão", escreveu.
"Não vou parar até que cada um deles seja libertado", prometeu.
Durante o processo, que não teve transparência, Tikhanovskaya foi alvo de uma dezena de acusações, incluindo "conspiração para tomar o poder de forma inconstitucional".
Na semana passada, a Promotoria havia solicitado pena de 19 anos de prisão para a opositora de 40 anos.
As condenações dos opositores acontece em um contexto de aprofundamento da repressão em Belarus, uma ex-república soviética governada com mão de ferro há três décadas por Lukashenko.
Na sexta-feira, Ales Bialiatski, um dos vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2022, foi condenado a 10 anos de prisão. Ele continua em Belarus e está detido desde 2021.
- Onda de repressão -
Em uma entrevista concedida à AFP em janeiro, Tikhanovskaya chamou de "farsa" o processo contra ela, que também considera uma "vingança pessoal" de Lukashenko por ter questionado sua autoridade em 2020.
A repressão ganhou força após um movimento histórico de protestos em 2020, após a polêmica reeleição de Lukashenko em pleito marcado por denúncias de fraudes, de acordo com observadores.
Os protestos resultaram em milhares de detenções, denúncias de tortura e manifestantes mortos. Muitas pessoas foram condenadas a penas severas ou obrigadas a seguir para o exílio.
Tikhanovskaya disputou as eleições em 2020 para representar seu marido, Serguei Tikhanovski, que está preso. Durante a campanha, ela reuniu multidões em todo o país, o que gerou a esperança de uma mudança.
Forçada ao exílio, esta mulher que entrou para a política se apresentando como uma simples dona de casa, agora é a face do movimento democrático em Belarus e inimiga de um regime cujos abusos denuncia incansavelmente.
O marido de Tikhanovskaya é um blogueiro popular que criticou duramente Lukashenko e foi condenado em dezembro de 2021 a 18 anos de prisão por "organizar distúrbios em massa" e por "incitar o ódio na sociedade".
De acordo com a ONG Viasna, Belarus tinha 1.461 prisioneiros políticos em 1º de março.
Os países ocidentais adotaram várias sanções contra Belarus pela repressão das manifestações de 2020, mas o regime ainda conta com o apoio inflexível da Rússia.
Em troca, Belarus aceitou servir de base de retaguarda para as tropas russas no conflito na Ucrânia. Até o momento, porém, seu Exército não participou diretamente dos combates.
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