O legado e os personagens de Jô Soares necessários ao Brasil de 2022
Ator, escritor, diretor, humorista, gênio: Jô Soares foi de tudo um pouco e ainda ajudou a formar uma geração de jornalistas e admiradores. Quem nunca ficou até tarde esperando o “Programa do Jô” começar? Escola no dia seguinte? Era complicado o sonho, mas valia a pena.
Jô se foi nesta sexta-feira, 5 de agosto, aos 84 anos. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde 25 de julho deste ano para tratar uma pneumonia. Além disso, sofria com recorrentes problemas urinários.
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Sua ex-mulher, Flavia Pedra Soares, deu a notícia: "Viva você meu Bitiko, Bolota, Miudeza, Bichinho, Porcaria, Gorducho. Você é orgulho pra todo mundo que compartilhou de alguma forma a vida com você. Agradeço aos senhores Tempo e Espaço, por terem me dado a sorte de deixar nossas vidas se cruzarem. Obrigada pelas risadas de dar asma, por nossas casas do meu jeito, pelas viagens aos lugares mais chiques e mais mequetrefes, pela quantidade de filmes, que você achava uma sorte eu não lembrar pra ver de novo, e pela quantidade indecente de sorvete que a gente tomou assistindo. Obrigada para sempre, pelas alegrias e também pelos sofrimentos que nos causamos. Até esses nos fizeram mais e melhores. Amor eterno, sua, Bitika".
Gênio eclético
Jô não era apenas Jô, mas também Capitão Gay, Vovó Naná, Reizinho, Padre Carmelo, Coronel Pantoja e dezenas de outros personagens. Todos são eternos e ajudam a contar a história do Brasil de 2022.
O artista nunca deixou de afirmar que seus programas eram também políticos, ajudando a construir uma TV mais progressista e avançada. Tudo isso, claro, nos fazendo rir, chorar e refletir. Sagaz, engraçado e talentoso: o Brasil acorda saudoso, mas grato por sua passagem. Relembre abaixo alguns papéis importantes:
Capitão Gay: nem precisa explicar muito para captarmos a importância desse personagem, criado na década de 1980. Capitão Gay e sua dupla, o Carlos Suely (Eliezer Motta), defendiam os oprimidos com suas roupas coloridas. O bordão “É o Capitão Gay, gay, gay! Capitão Gay uuuuuuh!” virou febre.
Tavares: com este outro personagem importante, Jô conseguiu barrar alguns preconceitos. Tavares tinha um filho que gostava de maquiagem e balé e vivia em contradição com a masculinidade.
Vovó Naná: icônica, né? Naná era uma senhora surda que nutria o sonho de conseguir uma vaga na TV. Com ela, Jô falou de velhice e preconceito.
Zé da Galera: Jô era torcedor do fluminense e adorava futebol. Claro que um de seus personagens iria trazer essa característica. O Zé da Galera era um desses torcedores fanáticos e usava a camisa da seleção brasileira em um contexto bem diferente do uso de hoje.
Reizinho: claro que ele estaria nesta lista! O personagem era uma sátira ao momento político do Brasil, década de 1980.