Líder do governo na Câmara defende nepotismo no setor público
Membro do Centrão, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), defendeu o nepotismo, ou seja, a contratação de parentes de políticos para cargos públicos.
“O poder público poderia estar mais bem servido, eventualmente, com um parente qualificado do que com um não parente desqualificado”, afirmou Barros ao jornal Estado de S. Paulo.
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“Só porque a pessoa é parente, então, é pior do que outro? O cara não pode ser onerado por ser parente. Se a pessoa está no cargo para o qual tem qualificação profissional, é formada e pode desempenhar bem, qual é o problema?”, acrescentou o líder do governo.
O Supremo Tribunal Federal (STF) firmou posição, em 2008, contra o nepotismo e suas ramificações, como o ‘nepotismo cruzado’, quando dois agentes públicos empregam parentes um do outro.
Decisão da Corte diz que “a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau (…), para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada (…), mediante designações recíprocas, viola a Constituição”.
Os partidos do Centrão são aliados do presidente Jair Bolsonaro, que nomeou 13 parentes de gabinetes da família quando era deputado. Ao longo dos 28 anos em que o atual presidente foi parlamentar, o clã Bolsonaro empregou 102 pessoas com laços familiares, segundo levantamento feito pelo jornal O Globo.
O presidente chamou de “hipocrisia” as críticas de que seria “nepotismo” a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), seu filho ’03’, para o cargo de embaixador nos Estados Unidos. Ele também criticou a decisão do Supremo que proibiu contratações de parentes na administração pública.
“Acho que quem tem de decidir sobre essas coisas é o Legislativo. Teve um parlamentar contra o nepotismo que foi pego na Lava Jato. E tem ministro, com toda certeza, que tem parente empregado, com DAS (função comissionada). E daí?”, questionou ele, na ocasião. “Que mania (vocês têm de dizer) que tudo que é parente de político não presta.”