Líder Yanomami pediu a Mourão retirada de garimpo do local: 'Não aconteceu nada'
Dário Kopenawa explicou que a situação foi se agravando ao longo dos últimos anos, principalmente com o avanço do garimpo ilegal
Dário Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Associação Hutukara, que representa o povo, disse nesta segunda-feira (23), que conversou com o ex-vice-presidente Hamilton Mourão para retirar os garimpeiros da Terra Indígena Yanomami e não foi atendido.
A declaração do filho de Davi Kopenawa, importante liderança da TI Yanomami, foi feita durante conversa com a jornalista Renata Lo Prete, no Jornal da Globo.
A conversa aconteceu após ajuda do governo federal começar a chegar em Roraima para ajudar os Yanomami, que vivem uma crise humanitária.
Na ocasião, Dário, explicou que a situação foi se agravando ao longo dos últimos anos, principalmente com o avanço do garimpo ilegal na região.
A liderança disse ainda que conversou pessoalmente com Mourão sobre a situação e pediu retirada urgente dos garimpeiros da TI, no entanto, nada aconteceu.
“Eu conversei pessoalmente com o vice-presidente Hamilton Mourão para tomar as providências mais urgentes e retirar os garimpeiros da Terra Indígena Yanomami. Não aconteceu nada e não foram tomadas as providências do que eu pedi na presença do vice-presidente Mourão”, disse Dário.
Durante a pandemia de Covid-19, em 2020, o garimpo contribuiu, segundo Dário, diretamente para o agravamento da doença na região.
“E o cenário do garimpo ilegal também piorou a duras consequências da pandemia do coronavírus, que também agravou bastante”, destacou.
Atualmente, o vice-presidente da Associação Hutukara, diz que diante da situação, é urgente a presença de mais profissionais da saúde na TI.
“É mais urgente [a presença] de mais técnicos de enfermagem, enfermeiros, nutricionistas e medicamentos”, finaliza.
Nesta segunda-feira, o Ministério Público Federal (MPF) se manifestou sobre a grave situação de saúde e segurança alimentar sofrida pelos povos Yanomami e disse que a tragédia sanitária é resultado da omissão do estado brasileiro em assegurar a proteção do território frente ao aumento de garimpos ilegais na reserva.
A nota pública, também cita cobranças feitas ao governo federal entre os anos de 2019 a 2022, durante a gestão de Jair Bolsonaro.