Líderes da política reagem à declaração de Ratinho contra deputada: "Incitar a violência é crime"

Líderes da política reagem à declaração de Ratinho contra deputada Natália Bonavides (PT-RN)
Apresentador sugeriu que Natália Bonavides fosse metralhada e fez ataques machistas, enquanto demais participantes riam
"Incitar a violência é crime", afirmou a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra
Lideranças políticas criticaram a declaração do apresentador Carlos Roberto Massa, o Ratinho, contra a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), na quarta-feira (15).
No programa Turma do Ratinho, ao vivo, ele sugeriu que a petista fosse metralhada, por discordar da proposta dela de retirar os termos “marido e mulher” das celebrações dos casamentos civis. Com o apoio do demais participantes, Ratinho também fez ataques machistas à deputada.
"Natália, você não tem o que fazer?", perguntou. "Vai lavar roupa, costurar a 'carça' do seu marido, a cueca dele. Isso é uma imbecilidade, querer mudar esse tipo de coisa", disse.
"Tinha que eliminar esses loucos. Não dá para pegar uma metralhadora"?, acrescentou.
Ratinho também comentou sobre a aparência da deputada, após uma foto dela aparecer no monitor do estúdio onde o programa era transmitido.
"Feia do capeta", disse. O apresentador chamou a petista de imbecil e afirmou que o país tem assuntos mais importantes para serem discutidos.
Natália Bonavides anunciou que acionar o apresentador judicialmente.
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), manifestou apoio à parlamentar. "A violência política e de gênero praticada contra a deputada é inconcebível e não pode mais existir em nosso país. Incitar a violência é crime. Não é a isso que devem prestar as concessões públicas", disse Fátima Bezerra.
A violência política e de gênero praticada contra a deputada @natbonavides é inconcebível e não pode mais existir em nosso país. Incitar a violência é crime. Não é a isso que se devem prestar as concessões públicas.
— Fátima Bezerra (@fatimabezerra) December 16, 2021
Também vítima de ataques machistas do então deputado Jair Bolsonaro, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) prestou solidariedade à correligionária. “Minha solidariedade diante dos ataques destas figuras nefastas”, escreveu no Twitter.
Força companheira Natália, querida. Minha solidariedade diante dos ataques destas figuras nefastas. 💐
— Maria do Rosário (@mariadorosario) December 15, 2021
Para a deputada federal Benedita da Silva (PT), a violência contra a mulher política no Brasil é brutal e revela o machismo e a misoginia estrutural. A petista classificou os ataques como sórdidos.
A violência contra a mulher política no Brasil é brutal. E revelam o machismo e a misoginia estrutural na nossa sociedade. Minha solidariedade à @nataliabonavides , alvo de ataques sórdidos pelo apresentador Ratinho. Estamos juntas, minha querida! Não nos calarão! ✊🏿 https://t.co/pq90qBdTQg
— Benedita da Silva (@dasilvabenedita) December 16, 2021
A vereadora de São Paulo Erika Hilton (PSOL) defendeu que a concessão pública da emissora deveria ser revogada.
Ratinho agrediu e incitou o homicídio contra a Dep. Federal @natbonavides! É um crime incitar o assassinato de uma pessoa! O apresentador deveria no mínimo ser demitido e responder por seus atos e a concessão pública da emissora revogada! Isto não pode ficar assim! Força Natália! https://t.co/RkIrWsSDov
— ERIKA HILTON 🏳️⚧️💉 (@ErikakHilton) December 16, 2021
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) cobrou punição a Ratinho diante da prática dos crimes de ameaça e incitação ao ódio e ao homicídio.
O Brasil registra um caso de feminicídio a cada 6 horas e meia. Este “comunicador” precisa ser investigado e responsabilizado por ameaça e incitação ao ódio e ao homicídio. https://t.co/d2oxowGav4
— Jandira Feghali 🇧🇷🚩 (@jandira_feghali) December 16, 2021
A deputada federal Talíria Petrone também exigiu que o apresentador seja responsabilizado.
Inadmissíveis os ataques do apresentador Ratinho à deputada @natbonavides, ao sugerir a eliminação de uma parlamentar eleita. A violência política de gênero sendo endossada em rede nacional. Exigimos que ele seja responsabilizado. Nossa solidariedade, Natália!
— Talíria Petrone #TemGenteComFome (@taliriapetrone) December 15, 2021
Entenda o projeto motivo da polêmica
O projeto de lei apresentado pela deputada petista propõe a alteração do Código Civil para mudar os termos da declaração feita nas cerimônias de casamento civil. O objetivo é assegurar o tratamento igual entre os casais.
Com a mudança, os termos ficariam assim: "De acordo com a vontade que acabam de declarar, eu, em nome da lei, declaro firmado o casamento".
Segundo os argumentos da parlamentar, o Código Civil de 2002 reproduz em seu texto a declaração solene para realização de casamentos de acordo com termos previstos no Código Civil de 1916, sem adequação à pluralidade de configurações de casais e famílias dos tempos atuais.
"Após uma luta firme de movimentos LGBTs, o Supremo Tribunal Federal reconheceu o óbvio: é inaceitável que a ordem jurídica brasileira impeça que casais homoafetivos se casem", lembra Bonavides.
Para ela, é preciso adequar a cerimônia civil, pois casais homoafetivos são submetidos a constrangimentos "que são verdadeiras violações de direitos".
O projeto foi apresentado na Câmara dos Deputados e aguarda despacho do presidente Arthur Lira (Progressistas-AL) para seguir a tramitação.
Informação falsa
No programa, ainda foi comentado que a parlamentar defende os termos "filiação 1" e "filiação 2" nas certidões de nascimento das crianças. Segundo Natália Bonavides, o projeto trata apenas de cerimônias de casamento civil.
Essa informação não está correta! O projeto de lei 4004/21 que apresentamos é para garantir respeito à Diversidade durante as cerimônias civis de casamento e não tem NADA a ver com certidão de nascimento. https://t.co/ajy2cww9zK
— Natália Bonavides (@natbonavides) December 15, 2021