'Liguei e mandei e-mail', diz Carla Zambelli ao procurar Moraes com receio de ser presa

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou ter procurado o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, por ter "expectativa" de ser presa pela Polícia Federal. Aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a parlamentar é um dos investigados pela Corte e pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE) por contestar o resultado das eleições presidenciais de 2022.

— Liguei e mandei um e-mail. Alguns dias depois, minha rede foi devolvida, pode ter sido um gesto. Estou à disposição dele para conversar. Porque ele vai ser um alvo do PT daqui a pouco. O PT não vai se contentar em indicar somente os dois ministros que vão se aposentar — relatou ela em entrevista à "Folha de S. Paulo", nesta quinta-feira, ao comentar uma reportagem do "Metrópoles".

No dia 16 de fevereiro, o jornal publicou uma matéria alegando que a deputada procurou o gabinete de Moraes para fazer contato, com a intenção de "distensionar" a relação entre o Legislativo e o TSE. Em outra ocasião, ela já havia pedido o impeachment do ministro.

Os perfis de Zambelli nas redes sociais foram suspensos após uma ordem do TSE, em 1º de novembro do ano passado, após ela dizer que as eleições vencidas por Lula foram fraudadas, apoiar o bloqueio de rodovias por bolsonaristas e defender uma “intervenção militar”.

No dia 6 de de fevereiro deste ano, a nova decisão do ministro determinava a reativação da conta dos perfis da parlamentar no Facebook, Twitter, Instagram, YouTube, Telegram, TikTok, Gettr, WhatsApp e LinkedIn. Em sua decisão, Moraes aponta que “houve a cessação de divulgação de conteúdos revestidos de ilicitude e tendentes a transgredir a integridade do processo eleitoral”.

Ao ser questionada se tem medo de ser presa, a deputada relata que, na verdade, o sentimento é outro.

— Medo não é a palavra, mas expectativa, sim. Não como uma boa expectativa. Várias vezes fui dormir pensando que ia ter que acordar às 6h com a Polícia Federal na porta — relatou.

Logo nos primeiros dias do ano, em 3 de janeiro, a PF chegou a cumprir um mandado de busca e apreensão em dois endereços de Zambelli. A ordem foi emitida pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, que mandou a polícia recolher armas que não teriam sido entregues pela parlamentar. Em dezembro de 2022, Gilmar deu 48 horas para a deputada entregá-las às autoridades. Ela disse ter cumprido a ordem após o prazo, porque estava em viagem ao exterior.