Lula não escapa da campanha de ódio nem no dia de seu casamento
O ex-presidente Lula se casou com a socióloga Rosângela Silva, a Janja, em cerimônia realizada em São Paulo na quarta-feira (18/5) e isso deveria interessar a 0 pessoas, além dos noivos e dos convidados, em condições normais de pressão e temperatura política no Brasil.
Como esses não são tempos normais, adversários do petista passaram o dia pensando em um jeito de transformar a celebração em um revés político. A ideia era mostrar que o casamento do líder das classes populares, à frente atualmente das pesquisas de intenção de voto, era na verdade um “casamento caviar com nosso dinheiro”.
Como se Lula fosse o atual presidente e o evento privado tivesse acontecido no Palácio do Planalto com direito a passeio de moto e jet ski bancado com cartão corporativo.
Para isso, o gabinete do ódio (não exatamente aquele operado em outros espaços oficiais, até onde se sabe) se prestou ao serviço de divulgar o vídeo com imagens de uma festa realizada em um espaço de eventos onde não ocorreu o casamento.
A decoração da festa real sequer havia sido divulgada, já que nem todos (aliás quase ninguém) poderia acessar o espaço portando celular. Como mostrou a repórter Camila Xavier, do Yahoo! Notícias, as imagens usadas na mensagem fake poderiam ser encontradas no perfil no Instagram do espaço de eventos com uma pesquisa básica.
O golpe simplório e rasteiro mostra que os detratores do ex-presidente não são solidários nem no dia de seu casamento –um momento de cessar-fogo que o próprio noivo exigiu de sua campanha para poder viver a lua de mel sem se preocupar, ao menos por algumas horas, com as eleições em outubro.
Boa sorte na tentativa.
Para o campo rival, a pior coisa que poderia acontecer é alguém associar a mensagem do ex-presidente ao fim do casamento (“o amor venceu”) com um sinal de alto potencial político. A carapuça de quem só sabe jogar com o ódio parece ter servido.
Não será o primeiro nem o último golpe baixo de uma eleição que promete render sopapos para muito além da linha da cintura.
Ok, ninguém espera outra coisa a essa altura.
Mas o eleitor deve ter percebido que existem algumas normas que não se cruzam mesmo nos duelos mais sangrento. Uma delas é não tentar jogar água no chope alheio no dia de seu casamento.
Limites, porém, servem a situações de normalidade.
E estamos bem longe disso.