Marcelo, Taça Guanabara e mais: 6 motivos para acreditar que Fluminense pode fazer boa campanha no Brasileiro e Libertadores
O desembarque de Marcelo no Rio de Janeiro ontem levou cerca de 500 torcedores do Fluminense ao Aeroporto do Galeão. Hoje, às 19h30 (de Brasília), ele será oficialmente apresentado diante de um Maracanã com quase 30 mil ingressos vendidos. Principal reforço da temporada, o lateral-esquerdo não é o primeiro nome gigante na Europa a retornar ao Brasil na reta final da carreira, mas traz um diferencial para o tricolor: é o símbolo de esperança de um ano que se desenha como possível de alçar voos bem mais altos.
Afinal, conquistar a Taça Guanabara foi apenas o primeiro objetivo tricolor na temporada, que tem como metas a Libertadores, o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil. Marcelo é um diferencial, mas é aliado a outras questões além do astro que se cria esse clima de confiança para a torcida. A ponto de levar centenas de pessoas a um aeroporto em pleno sol escaldante.
O diferencial
A contratação de Marcelo é a principal de 2023 para o Fluminense — e provavelmente a do futebol brasileiro ao lado do uruguaio Luis Suárez, no Grêmio. A questão é que a sua contratação vai além da volta da cria de Xerém para casa: Marcelo é o pilar decisivo do projeto de reconstrução do Fluminense, que após se estabilizar financeiramente, agora visa disputar grandes títulos.
O entendimento é que o clube montou uma base sólida de jogadores talentosos e dedicados nos últimos anos. O próximo passo é encontrar alguém acima da média e que fosse desequilibrante. Um exemplo citado recorrentemente nos corredores das Laranjeiras era Arrascaeta, do Flamengo. No Fluminense, Ganso é visto dessa forma. Agora Marcelo o fará companhia.
Ele traz duas virtudes que, se potencializadas ao máximo, serão decisivas: talento e experiência. Seis vezes eleito o melhor lateral-esquerdo do mundo, é considerado um dos maiores de sua geração. De quebra, faturou inúmeros títulos com o Real Madrid e está acostumado a viver momentos decisivos. Finais de Liga dos Campeões não faltam, por exemplo. Ele terá papel decisivo de liderança na Libertadores.
Destaques mantidos
Diferentemente dos anos anteriores, o Fluminense conseguiu manter os principais destaques da equipe para 2023. Claro, houve a venda de Matheus Martins no final do ano passado, mas o atacante negociado com o Watford-ING já era uma reposição a Luiz Henrique, vendido no meio de 2022 para o Real Bétis-ESP. Os pilares, mesmo com propostas, seguem no clube.
O caso que mais chamou atenção foi o de André, que recebeu uma proposta de 20 milhões de euros (cerca de R$ 111 milhões) do Fulham-ING. O Fluminense sinalizou que não o venderá de imediato e só discutirá o assunto no final da temporada. Paulo Henrique Ganso foi procurado pelo Santos, mas decidiu renovar o contrato. Jhon Arias recebeu sondagens de clubes europeus, mas permaneceu.
É difícil imaginar que André e o zagueiro Nino, principalmente, não sejam procurados nas próximas janelas. Mas o Fluminense se blinda para que não repita o impacto da venda de Luiz Henrique, que afetou diretamente o lado anímico do clube em 2022. Na mesma semana que saiu a notícia da venda, o tricolor seria eliminado na pré-Libertadores.
Cano iluminado
É curioso ver que os gols de Germán Cano em 2022 não foram por acaso. Havia o temor de que o argentino não conseguisse repetir a fase iluminada que teve na temporada anterior. Afinal, tirando os astros europeus, é impensável cobrar de qualquer atleta que faça 44 gols a cada ano. O camisa 14, no entanto, vai demonstrando que é possível ir além.
Nesta temporada, são nove jogos em dez gols marcados. Números melhores do que neste mesmo momento da temporada de 2022. Três deles em clássicos, diga-se — dois diante do Vasco e um contra o Flamengo. A boa fase do Fluminense passa pelo seu artilheiro de forma incontestável.
Diniz mais leve
Outro ponto importante é que Fernando Diniz conquistou o seu primeiro título com um clube grande. Claro, a Taça Guanabara passa longe de ser o principal objetivo tricolor na temporada, mas é difícil imaginar como gritar "campeão" em um Maracanã lotado e vencendo de virada o maior rival poderia ser ignorado pelo treinador e pelo elenco.
Na coletiva de imprensa após o título, ele comentou sobre o assunto. Disse que já conquistou troféus antes e que os mesmos eram ignorados. De fato, faturou torneios com Votoraty e Paulista de Jundiaí. Mas faltava uma conquista grande com um clube de expressão no futebol brasileiro que, enfim, veio.
Diniz ainda precisa confirmar o título do Carioca para afastar a imagem de bater na trave. Com o São Paulo, chegou a abrir uma boa vantagem na liderança do Brasileiro e não ficou no título, o que acabou o marcando negativamente. Certo é que a pressão diminuiu neste ponto.
Bons resultados contra os milionários
Pensando em Libertadores, é claro que o Fluminense — mesmo após a contratação de Marcelo — passa longe de ter a folha salarial de Flamengo, Palmeiras ou Atlético-MG. Mas é curioso ver que o tricolor tem conseguido bons resultados nos confrontos diretos diante deles. O rubro-negro tem sido a principal vítima nos jogos recentes: nos últimos 12 Fla-Flus, o Fluminense venceu oito. Incluindo um título do Campeonato Carioca em cima do maior rival. Mas os outros também entram nesta contagem, principalmente após Fernando Diniz assumir a equipe.
Diante do Palmeiras, foram dois jogos e dois empates: ambos por 1 a 1 no Allianz Parque e no Maracanã. No primeiro deles, Diniz estava no início do trabalho, enquanto no segundo o alviverde era favorito por ter o título do Brasileiro encaminhado. Em ambos teve atuação ruim contra o Fluminense, que teve chances claras para vencer os jogos. De toda forma, a vantagem financeira de um elenco milionário não se concretizou em campo.
Quanto ao Atlético-MG, equilíbrio: dois jogos, uma vitória e uma derrota. Mas a vitória tricolor dentro do Maracanã foi com golada por 5 a 2, em uma das melhores atuações do Fluminense de Fernando Diniz nesta segunda passagem. O Galo tinha Hulk e todos seus outros destaques. Resta saber como será o encontro com Eduardo Coudet, já que os mineiros trocaram de treinador.
Preparação física em alta
A preparação física do Fluminense foi bastante contestada pelos torcedores no início da temporada, mas tem se mostrado um acerto. Durante a Copa do Mundo do Catar, enquanto os clubes estavam de férias, o tricolor passou atividades remotas para o elenco. No retorno, os trabalhos visavam que a equipe atingisse a sua maturidade física na reta final do Carioca e no início da Libertadores. E isso é possível ver dentro de campo.
No Fla-Flu, Vítor Pereira reclamou das "pernas cansadas" de seus atletas. Contra o Vasco, Maurício Barbieri também se queixou. Enquanto o Fluminense consegue refletir e dominar os adversários também fisicamente. Será importante neste início de temporada, principalmente no início do Campeonato Brasileiro e na Libertadores.