Médico colombiano é indiciado por estupro de vulnerável no RJ
Andres Carrillo admitiu ter violentado duas mulheres, mas polícia teve que abrir dois inquéritos separados
A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou nesta segunda-feira (23) o médico colombiano Andres Eduardo Oñate Carrillo por estupro de vulnerável. O caso aconteceu em 5 de fevereiro de 2021 no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – o Hospital do Fundão, da UFRJ (Universidade Federal do RJ).
Embora Carrillo tenha admitido o estupro duas mulheres – uma no Fundão e outra no Hospital Estadual dos Lagos, em Saquarema -, a polícia precisou abrir dois inquéritos separados. O motivo é que os crimes aconteceram em cidades e comarcas diferentes.
Há ainda um terceiro inquérito em andamento contra Andres, por exploração sexual infantil. O delegado Luiz Henrique Marques, titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav), disse ao g1 que pedirá à Justiça a conversão da prisão provisória de Andres (inicialmente fixada em 30 dias e mantida na audiência de custódia) em preventiva, sem prazo.
O médico está preso há uma semana. A polícia não descarta a possibilidade de outras mulheres terem sido estupradas.
Estupros
O crime que aconteceu no Hospital do Fundão vitimou uma mulher de cerca de 55 anos, que se internou para realizar a retirada do útero. Ela afirma que recebeu mais anestesia do que o necessário.
"Ele estudou o quê? Pra ser bicho, para ser monstro ou ele estudou para ser médico? Que pra mim um homem desse não é médico não. Pra mim uma pessoa dessa é um monstro", afirmou a vítima.
Na época, Andres terminava um curso de especialização em anestesia e foi escalado como estagiário. Ele não tinha autorização para atuar como médico em território nacional, nem para anestesiar alguém. Antes, teria que:
Prestar a prova Revalida, que certifica estrangeiros que atuam no Brasil;
Tirar o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM);
Fazer uma prova na Sociedade Brasileira de Anestesiologia.
Dessa forma, só poderia observar o procedimento sob a supervisão de uma anestesista.
No caso de Saquarema, o crime aconteceu em 15 de dezembro de 2020 e a polícia desconfia que Andres estava irregular no hospital.
Investigação
Começou em 2022, após a Polícia Federal encontrar 20 mil arquivos com pedofilia em seus computadores. O médico ainda é suspeito de aliciar crianças para a produção do conteúdo pornográfico.
Na época em que os conteúdos de abuso infantil foram encontrados, três arquivos feitos pelo próprio médico chamaram a atenção dos investigadores. Tratava-se das imagens de estupro cometido contra as pacientes sedadas em hospitais.
Ainda de acordo com a polícia, os vídeos que Andres gravou foram mostrados às vítimas, que se reconheceram, mas não tinham ciência de que haviam sido violentadas.