Meio ambiente: Coronel da PM é nomeado presidente do ICMBio
O coronel da Polícia Militar Fernando Cesar Lorencini foi nomeado novo presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União nesta terça-feira (22).
O ICMBio é responsável pelo gerenciamento de unidades nacionais de conservação.
No dia 21 de agosto, o governo exonerou o coronel Giorge Cerqueira da presidência do órgão. O Ministério do Meio Ambiente alegou que a mudança fazia parte de uma reformulação e modernização dos órgãos ambientais federais.
Lorencini era diretor de Planejamento, Administração e Logística do instituto desde abril de 2019. Ele atuava como presidente substituto desde a saída de Giorge Cerqueira.
O coronel da PM vinha apoiando o processo de privatização dos parques nacionais, hoje administrados pelo instituto, mas que o governo pretende repassar à iniciativa privada para exploração do turismo.
Lorencini assume o cargo num momento em que o governo enfrenta críticas de entidades civis, empresários e comunidade internacional pelo descaso com as políticas ambientais, aumento no desmatamento e nas queimadas no Pantanal e na Amazônia.
Graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, ele já foi chefe de gabinete e secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Segurança Urbana da capital paulista.
Além disso, Lorencini está entre os policiais envolvidos no massacre do Carandiru. Ele respondeu por lesão grave contra um dos presos envolvidos na chacina. Em 1992, 111 detentos foram mortos após uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo.
REPERCUSSÃO
A nomeação foi motivo de críticas de parlamentares.
O deputado Célio Studart (PV-CE) considerou que “este é mais um movimento no processo de ampla militarização de postos chave da administração pública federal, presente em órgãos como o próprio Palácio do Planalto e o Ministério da Saúde”.
“Seria melhor que o ICMBio fosse dirigido por um ambientalista, e não por alguém que defende uma tese polêmica como a privatização dos parques nacionais. A nomeação não surpreende diante da postura do próprio presidente da República, que cogitou até mesmo acabar com o Ministério do Meio Ambiente e não dá a devida importância a esta pasta tão estratégica para o país”, critica.
“Em plena crise ambiental, sua efetivação representa uma grande ameaça à preservação do Meio Ambiente. Estão passando a boiada”, alertou o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), no Twitter.