Membros do Conselho do MP entram com ação contra Aras
Atual chefe do MP é acusado de se omitir para investigar Jair Bolsonaro
Documento cita "abuso de poder" de Aras
Procurador será ouvido no Senado para ficar um mandato na PGR
Cinco membros do Conselho Superior do Ministério Público Federal ingressaram nesta segunda-feira (23) no Supremo Tribunal Federal uma ação contra o procurador-geral da República, Augusto Aras.
Aras será ouvido nesta terça para ficar mais um mandato de dois anos à frente da Procuradoria.
O grupo aponta irregularidades na análise de uma representação de quatro procuradores aposentados que acusam Aras e o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, de se omitirem para investigar o presidente Jair Bolsonaro. A representação foi recebida pelo Conselho Superior do MP no último dia 9.
Os cinco membros que foram ao Supremo argumentam que a lei sobre o funcionamento do MP deixa claro que, se o presidente do conselho está impedido de atuar (como neste caso), a autoridade recai sobre o vice – no caso, o subprocurador José Bonifácio Andrada.
Porém, segundo o texto da ação no STF, a representação foi encaminhada de forma irregular por funcionários para o gabinete do próprio Aras – contrariando o regimento do conselho e por isso que o caso não teria avançado.
Abuso de poder
A ação protocolada no STF pede que Aras e assessores sejam "impedidos de interferir" na tramitação do caso. Para o documento, houve ilegalidade e abuso de poder na conduta de Aras e Jacques.
"A ilegalidade começa com a surpreendente 'interceptação' do despacho do Vice-Presidente do CSMPF. Com efeito nem o Procurador-Geral da República – o representado, nem o Vice-Procurador-Geral da República, ocupante de cargo de confiança, longa manus [executor de ordens] do representado, e, o mais grave, expressamente citado na petição de representação como autoridade, poderiam despachar e, menos ainda, interceptar o despacho proferido pelo Vice-Presidente do Conselho Superior do MPF", dizem os procuradores.
Indicação de Bolsonaro já havia contrariado 'tradição'
Em 2019, quando indicou Aras, Bolsonaro ignorou a lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República, como era o costume dos presidentes anteriores. Bolsonaro voltou a rejeitar a lista da Associação neste ano.
Depois da sabatina no Senado, Aras precisará de 41 votos favoráveis para seguir na função.